de Viriato Gaspar
Adoecemos desses dias tristes
em que não brilha o sol, dentro da gente.
Em que se corre atrás desses alpistes
que vão adoecendo o que se sente.
Adoecemos de correr sem trégua
atrás do vento além, que foge e passa.
Adoecemos de esfalfar-nos léguas
para juntar vestígios de fumaças.
Adoecemos desses gestos calvos,
que não abrigam, não dão luz e sombra.
Adoecemos de juntar escalpos
de trecos vãos, de níqueis e alfombras.
Adoecemos árvores e rios,
adoecemos pássaros e mares.
E hoje, doentes, somos alguidares
de toda essa irrazão, do desvario.