do blog de Gerson Guelmann
Não me coloco junto aos que achavam que tudo o que era feito no governo anterior era bom, assim como não critico tudo o que o atual faz. Aos 76 anos e com uma certa “quilometragem” uso o que me sobrou de bom senso para deixar de lado preconceitos e tentar ser justo nas avaliações. Acredito que o Brasil merece algo melhor que essas tristes opções.
Nessa linha de raciocínio não posso deixar de apontar, algumas horas antes da concretização do que para mim será um escárnio: a presença da esposa do Presidente no show da Madonna, com a qual, dizem, poderá encontrar-se.
Além das notícias sobre a “matemágica financeira” que permitiu a vinda da artista ao Brasil, o que em um país sério deveria ser objeto de meticulosa investigação, é no mínimo questionável que um capricho da 1ª Dama mobilize todo o aparato de transporte, hospedagem e segurança para essa finalidade. Quanto custará isso tudo?
Há uma expressão antiga que acho que pode ser aplicada aqui:
– “isso é coisa de gente desfrutável”.
Se em condições normais isso seria reprovável, em meio a tragédia no Rio Grande do Sul passa a ser um escárnio, um tapa na cara dos Gaúchos e de todos os Brasileiros.
Em 2023, quando o Rio Grande do Sul foi assolado pelas enchentes, o Presidente e sua esposa estavam na Índia; coincidência, apenas.
Dessa vez não há desculpa e é tempo de lembrar o velho Horácio e o “Modus in Rebus”: a justa medida em todas as coisas.
A vinda de Madonna para o Brasil foi ideia do CEO da Bônus Track, Luiz Oscar Niemeyer, nutrida desde 2021. No entanto, as negociações só de concluíram esse ano com a entrada do Itaú, convergindo para o atual show. Ninguém poderia prever os tristes eventos climáticos que assolam o RS. Ou seja, o show da Madonna não tem nada a ver com a Janja (independentemente da admiração da primeira-dama pela cantora), e nem com o infortúnio pela qual o Sul do país passa, infelizmente, na mesma época. Temos que ter responsabilidade ao divulgar informações em veículos públicos, e nos certificar de conhecer a fundo o assunto antes de levantar falsas hipóteses de maneira leviana.
Concordo com o Gerson, não é um evento oficial, que vá em avião de carreira, pagando sua passagem e os demais custos, simples assim.
Aliás, isso deveria valer para TODOS que fazem parte deste ou de qualquer governo, em todas as esferas e também para o Legislativo e Judiciário.
Se não podem andar pela rua, a culpa é deles mesmos, então que arquem com os custos e consequências.
Um choque de realidade sempre faz bem.