9:57CBF é antro de atraso, malfeitos e incompetência

por Marcos Augusto Gonçalves, na FSP

Entidade parasita do futebol é exemplo de um Brasil que já deveria ter ficado para trás

Confederação Brasileira de Futebol é um exemplo clamoroso do que há de mais atrasado no Brasil. É a grande campeã em matéria de inépcia, tramoias, comportamentos nebulosos, casos de corrupção e falta de profissionalismo. Representa um Brasil que já deveria ter ficado para trás.

Quem se ligou no início do Campeonato Brasileiro depois de assistir aos jogos das quartas de final da Champions League, na semana passada, chocou-se com o contraste e constatou o grau de irresponsabilidade e amadorismo da entidade que deveria cuidar da gestão do futebol brasileiro.

Bastaria citar o pasto esburacado, preenchido com areia e pintado de verde no qual transcorreu a partida entre Atlético Goianiense e Flamengo para atestar a avacalhação dominante. Mas teve mais: o campo do Vitória, em Salvador, por exemplo, estava com as linhas de demarcação apagadas. Nem se deram ao trabalho de passar uma cal.

Completou o cenário de chanchada a atuação desastrosa de alguns árbitros e dos responsáveis pelo VAR.

A palhaçada (sendo injusto com os artistas de circo), vem de longa data. Só a imensa riqueza e força do futebol brasileiro para resistir a tanta negligência e tantos malfeitos. Toda vez que a CBF cita títulos mundiais conquistados pelo Brasil para se promover, sinto-me tomado por aquele personagem do inigualável Jaguar, Gastão, o Vomitador. O futebol brasileiro é tão vitorioso apesar da CBF e não graças a ela.

Aliás, já vamos para 22 anos sem ganhar uma Copa e recentemente batemos todos os recordes negativos com a seleção principal.

Os dirigentes da CBF nas últimas décadas (ou seria desde sempre?) têm folha corrida de roubalheiras e escândalos, com direito a assédio sexual, que por si já diz tudo sobre a instituição.

No terreno prático, além de não cumprir o beabá de providenciar gramados decentes, a entidade não consegue organizar um calendário. Um calendário, um simples calendário. Prova de absoluta falta de capacidade administrativa, o Campeonato Brasileiro deste ano terá 9 rodadas em paralelo à Copa América, disputada por seleções do continente.

Equipes que investiram em jogadores de alto nível, brasileiros ou de países vizinhos, serão desfalcadas durante esse período.

Ou seja, o prêmio que se oferece aos clubes que procuram sanear finanças e melhorar o elenco é retirar seus melhores atletas por 9 rodadas do Campeonato Brasileiro, a competição mais importante do país –embora a CBF prefira a Copa do Brasil, por interesses político-pecuniários.

Em qualquer lugar do mundo onde não se viva no atoleiro do atraso, as competições clubísticas param enquanto as seleções nacionais estão em atividade.

O futebol brasileiro é coisa séria. Trata-se do esporte mais popular do mundo, que movimenta cifras bilionárias. É impressionante, aliás, que patrocinadores da CBF ofereçam montanhas de dinheiro para se associar a esse antro sem que, aparentemente, procurem exercer pressões para um padrão de gestão profissional. Os dirigentes de clubes, que reclamam aqui e ali, quase sempre de arbitragens, são cúmplices deste estado de coisas. Chancelam os desmandos.

Mais do que atividade econômica relevante, o futebol no Brasil é um patrimônio cultural, com expressiva e particularmente notável presença negra no colorido de sua diversidade, tanto quanto a música popular. Boa parte do soft power do país nas esferas internacionais provém desses dois territórios de talento da brasilidade. A CBF é uma parasita que não está à altura do patrimônio que explora vergonhosamente.

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