16:43Na nuca

Sempre foi na nuca. Por isso, às vezes, olhando no espelho quando o dia começa a clarear, dou um tapão para ver se espanto os fantasmas que tentam me impedir de viver. Não sei se adianta, mas dá um choque que desce pela espinha. A água fria no rosto e em toda cabeça completa. O motivo de fazer isso? Zecão correu atrás do pai e, em cima do telhado, acertou o velho com um caibro no mesmo lugar. Depois teve o vizinho jogando bilhar que, ao discutir por causa de uma aposta, quebrou o taco acima do pescoço do adversário. Os dois foram pra casa como se nada tivesse acontecido – e ficaram assim por muitos anos na cadeia. As histórias se espalharam, cada uma de um jeito. Só não variava o lugar da pancada. Essa que dou com a palma dos dedos da mão direita esperando um milagre – que nunca veio, apenas as histórias das pancadas definitivas e trágicas.

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