6:22Deus e o Diabo no país do mito

por Célio Heitor Guimarães

Para você, estimado leitor, que contestou a minha crítica à realização da Copa América no Brasil, nesta época – sob o argumento de que já temos aqui, sem problemas, as eliminatórias da Copa do Mundo, o sul-americano, a Copa Brasil e o Brasileirão – a resposta foi dada pelas seleções da Venezuela, Colômbia, Peru e Bolívia: treze integrantes da delegação venezuelana, sendo cinco jogadores, testaram positivo para a Covid-19; o mesmo aconteceu com as delegações da Colômbia, do Peru e da Bolívia, com 52 casos de contaminação, sendo 33 jogadores e 19 pessoas ligadas à organização do torneio. Estão todos confinados em hotéis de Brasília e do Rio de Janeiro.

Só não viu quem não quis. Nove seleções mais a do Brasil, de dez países da América no Sul, cada uma com 65 pessoas, além de jornalistas, árbitros, radialistas, agregados e aficionados, reunidos em um país com quase 18 milhões de infectados pelo coronavírus, mais de 490 mil mortes, UTIs e enfermarias atulhadas de doentes, com carência de leitos, de vacinas, de medicamentos, de oxigênio e de atendentes, era só o que faltava! Com a intervenção do genocida de Brasília, não falta mais.

Colômbia, Argentina e outros países consultados não quiseram saber da nova e mortal aglomeração. O capitão-presidente, que não tem nada com isso, quis. Agora, é só levantar os braços para o Céu e pedir a Deus que nos ajude. Isso quem tem fé. Para quem não tem, só resta chorar.

No século passado, costumava-se contar “a última do papagaio”. Hoje, acorda-se indagando, com o coração na mão, “qual a última do Bolsonaro”? Todos os dias, ele tem uma nova ideia insana. Antes da decisão da Copa América, nomeou embaixador do Brasil na África do Sul um meliante processado e proibido pela Justiça de deixar o Brasil; depois, decidiu que quem já tomou a vacina ou já foi atingido pela Covid não precisa mais usar máscara em público. Esqueceu-se de que quem baixou essa determinação obrigatória foi ele próprio, com a cancela do Congresso Nacional. Então, para modificá-la teria de acionar antes, novamente, deputados e senadores. Mas para ele esse é apenas um detalhe insignificante. O que vale é a alucinada vontade imperial.

No sábado, teve uma ideia genial: mandou fechar o trânsito na Rodovia dos Bandeirantes, em São Paulo, para liderar um bando de psicopatas, verdadeira horda de zumbis, em uma “motorreata” sem o menor cabimento. E teve doido que bateu palma…

Para proteger a cambada, foram mobilizados 1.433 policiais, cinco aeronaves, 10 drones e 600 viaturas, sem contar os agentes da Polícia Federal, do GSI e da PRF, requisitados para garantir o sucesso do passeio presidencial. Custo total: 1,2 milhão – pagos pelos idiotas pagadores de impostos.

Até quando seremos obrigados a suportar essa desgraça? Até as eleições de 2022?! Não sei se o Brasil aguentará…

O indivíduo é contra a saúde, contra o ser humano, contra a educação, contra a cultura, contra a ciência, contra a segurança, contra a natureza, contra os povos indígenas, contra a vacina, contra a lei, contra as instituições, contra a razão e o bom sendo. Não obstante, continua (des)governando o país, sob o olhar condescendente das Forças Armadas, cada vez mais desmoralizadas pelo ex-capitão enxotado da caserna por desobediência e indisciplina crônicas. E o pior, repito: continua solto, sem camisa de força e sem focinheira.

Mito, mito, mito! Que o Diabo o carregue enquanto ainda há tempo! E com ele os seus insanos seguidores.

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4 ideias sobre “Deus e o Diabo no país do mito

  1. SERGIO SILVESTRE

    Eu devo ser um dos poucos leitores do blog que não votou nele,mas por que reclamar,se foi a republica de Curitiba,cidade hoje com a maior taxa de mortalidade por covid do mundo.
    A serpente foi gestada ai ,os sumidos procuradores devem estar pagando pesadas penitencias ou gastando o dinheiro ganho com palestras e jogo duplo com advogados que seus clientes eram os delatores.
    Voces não se deram conta do mal que fizeram ao Pais? Vejo muitos hoje com esse discurso,quando poderiam estar embalando Mateus,ou Messias,já que lá o colocaram.
    Heitor,faça um artigo sobre a LAVA-JATO .

  2. Oto Lindenbrock Neto

    Caro CHG: endosso tudo o que escreveu. Mas acrescento que o capitão veio para ficar. Não haverá golpe militar. Já houve. Duvido que tenhamos eleições no ano que vem. O partido militar vai se encarregar de melar tudo. A maioria dos articulistas afirma que o Messias se aproveita do exército. Será que não é o contrário? Os militares chegaram ao poder pelo voto. Este é um governo militar. Mais até do que o que veio em 64. O Messias é a face popular e populista que faltava ao partido militar. Para manter o país nas mãos, é preciso que o ex-capitão continue com seu discurso tosco e retrógrado. Porque existe uma importante parcela da população que tem a mentalidade tosca e retrógrada. E nessa parcela estão jornalistas, médicos, juízes, empresários. Gente com dinheiro suficiente para comprar uma Harley-Davidson ou uma Ducatti. O Brasil virou uma moto super potente pilotada pelo Coringa. E os guardas de trânsito não querem e não vão pará-lo. Vão aplaudí-lo.

  3. Célio+Heitor+Guimarães

    Se você é meu leitor contumaz, como diz, Silvestre, deveria lembrar do texto que publiquei aqui em 20 de agosto de 2018, antes das eleições, e que, com a condescendência de mestre Zé Beto, reproduzo abaixo:

    Bolsonaro, jamais

    A revista Veja da semana passada levanta a bola para o capitão Jair Bolsonaro. Em manchete de capa, afirma em letras garrafais que, segundo pesquisa exclusiva, “Bolsonaro cresce. E assusta”. Faltou o ponto de exclamação.
    Cresce onde? E assusta quem, caras-pálidas? Ah, sim, “cresce nas pesquisas”… Mas pesquisa não ganha eleição. Ao contrário, têm-nas perdido sistematicamente, a cada eleição. Assustar? Só se for o Brasil.
    Segundo a revista dos Civitas mal das pernas, “sem vice, sem coligações e sem dinheiro”, Bolsonaro, “contrariando desejos, vaticínios e esconjuros, continua de pé, e crescendo”. Cravou, na pesquisa da casa, 17% das intenções de voto. Para Veja, um assombro. O único capaz de batê-lo seria Lula, o candidato petista condenado por lavagem de dinheiro e corrupção passiva e preso nas dependências da Polícia Federal de Curitiba.
    Mas não é. Por mais pecados e condescendência que tenha, o Brasil não merece o capitão Bolsonaro. Depois de Sarney, de Collor, de Dilma Rousseff e de Michel Temer, era só o que faltava! Melhor fechar o país. Devolvê-lo para os tupis, pataxós, caiapós, guaranis, tamoios, marajoaras, tupinambás, botocudos, xavantes, caingangues, ianomâmis e todos aqueles bravos que foram “pacificados” e “catequizados” pelo pessoal de Cabral (o Pedro Álvares), pagar o prejuízo dos últimos 520 anos e sair de fininho rumo ao oceano.
    O cap. Jair Messias Bolsonaro é vazio, oco, não tem programa de governo, não sabe administrar, não é capaz de juntar as ideias. O que fará na presidência da República? Esteve durante sete legislaturas na Câmara de Deputados e o que fez pelo Brasil? Rigorosamente, nada. Apenas meteu-se em confusão, agrediu as mulheres e os homossexuais, defendeu a tortura, pregou o armamento da população, o fuzilamento de pessoas, o fechamento do Congresso e outras asneiras de igual quilate, como fazer a apologia da ditadura militar de 1964.
    Se o eleitor está pretendendo votar no capitão como forma de protesto, não direi que é um idiota porque tenho amigos queridos que pretendem e não são idiotas, mas digo que é mal informado, irresponsável, inconsequente e odeia o Brasil. Talvez seja um daqueles tantos que desejam sair correndo do país e são capazes de deixar aqui, de raiva, uma bomba prestes a explodir na cara dos brasileiros que ficaram. Patriotas não serão. Tampouco democratas.
    Jair Bolsonaro se diz democrata, mas abomina a democracia. Sequer honra a farda que já usou. Não por acaso, a expressiva maioria do Exército, da Marinha e da Aeronáutica não quer saber dele. Ao contrário. Se não o considera um “bunda suja”, por não haver galgado degraus na escala hierárquica, acha-o um estorvo, uma desmoralização para a classe.
    Diz o capitão que quer reativar os tempos da ditadura, onde não havia corrupção. Mentira. No tempo do governo dos generais, havia corrupção sim, e muita. Velada, enrustida, sem o conhecimento da opinião pública, posto que a imprensa era proibida de investigar e divulgar, o Ministério Público de acusar e o Judiciário de julgar. Os homens da farda não precisavam de tais esquemas para manter-se no poder. Julgavam-se perpétuos e intangíveis. Então, preferiam abarrotar as estatais com militares da reserva e proteger o Brasil e os brasileiros dos perigos da liberdade e da democracia.
    Por isso, não venha o grande líder do PSL falar em moralidade, decência, combate aos privilégios, aos desmandos e quejandos. Há ainda muita gente viva dos tempos da quartelada de 64 para testemunhar.
    Se o eleitor não vê ninguém merecedor do seu voto entre os candidatos colocados à sua disposição, não vote em ninguém. Mas, pelo amor de Deus, não cometa a insanidade de optar por Jair Bolsonaro.
    Aliás, se Lula é o único capaz de derrota-lo, por favor, dr. Sérgio Moro, solte Luiz Inácio.

  4. SERGIO SILVESTRE

    Beleza Célio, como homem justo,agora vendo o que aconteceu ao Brasil e foi a lava jato que pariu o Bolsonaro.
    Mas louvo seu conhecimento ,ao menos o professor teria salvo milhares de vidas,já esse.

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