19:35O coronel e o passarinho

Talvez a última reportagem em revista nacional onde Serafim Meneghel tenha sido personagem foi feita pelo signatário, com fotos do chapa Albari Rosa, para a revista Veja. Na verdade, o texto seria publicado na ‘Vejinha’ regional mas, na última hora, pelo fato de o União Bandeirante ter chegado à decisão do campeonato paranaense, passaram ela para a Vejona, como a gente chamava. Ele não gostou do que saiu. Nem eu. Editada por não sei quem, foram buscar nos arquivos fatos que que viraram folclore, como tiro na bola que deu antes de uma cobrança de pênalti contra seu time. Outros nem tanto, como a prisão de Lilão, um faz tudo no clube que foi preso na fronteira do Paraguai com um carregamento de comprimidos que renderam uma famosa reportagem na revista Placar, assinada pelo mestre Carlos Maranhão: “Na bala e na boleta”. Tempos depois o repórter teve de ir a Bandeirantes cobrir uma partida. A lenda diz que ficou escondido numa cabine de rádio. Azar do fotógrafo Sergio Sade, que entrou em campo, foi identificado e teve de sair correndo do chapeludo e botudo que tentava de todo jeito lhe dar um bico na bunda. Esse era um lado de Serafim. O outro vi em sua casa no meio da fazenda e protegida por uma matilha de cães ferozes, que soltava à noite – e na porteira tinha um segurança que parecia saído de um filme do Mazzaropi, mas que não escondia de ninguém a arma na cintura. Lá dentro, na casa grande onde havia um armário com uma enorme coleção de armas, vi um passarinho tentar atravessar o vidro de uma enorme porta que dava para a piscina. A batida chamou a atenção do senhor de cabelos e barba grisalha – ele, pegou o bichinho, colocou na palma de mão para ver se estava morto, acariciou as penas e, de repente, abriu um sorriso quando a ave voou para longe. Foi assim que abri o texto original do meu relato – e claro, foi ignorado. O título que ficou registrado para sempre foi “O último coronel da bola”. O que seguia editado era, em grande parte, para justificar as duas páginas. O senhor educado, fala pausada, mas que só pela figura demonstrava segurança e exigia respeito, esse ficou na retina da memória. Respondeu a todas as perguntas e, no fim, fez questão de apresentar sua outra paixão, os galos de briga que criava em sítio só para isso. Com eles, viajou o Brasil em avião próprio.

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3 ideias sobre “O coronel e o passarinho

  1. SERGIO SILVESTRE,ruim

    Uma das muitas ‘historias’ do Meneghel ainda são contadas nos botecos de Londrina, seu ator foi o ‘nego bala” batuqueiro inseparável do jogador Rafinha.
    Eu mesmo já comprei uma chuteira velha autografada pelo Lan que eu desconfio que foi ele mesmo que rabiscou.
    Conta-se que no auge do grande time de bandeirantes,Meneghel contratou um tal de “bala”e devido as más condições do tempo,esse grande jogador demorava a chegar em Bandeirantes,eis que logo cedo se apresentou o ‘nego Bala’ que foi confundido com o verdadeiro,negão já foi para o melhor hotel,com massagistas e todo o Glamour da pequena cidade.
    Quando foi o dia do primeiro treino,toda cidade foi ao estadio para ver o grande atacante ver ,o ‘Bala” ele todo untado fazendo flexões,técnico era o De Sordi, e primeira bola tocada veio o estirão na coxa,e a saída de maca do estadio para desespero da multidão que assistia o treino.
    Nesse mesmo dia se apresenta o Jair Bala,verdadeiro e único,mas o nego Bala já estava rodeando o Bar do Jaime e do Portuga no Centro Comercial.
    Essa historia é sempre contada nas rodas de amigos do nego Bala,entre uma serrada e outra ele se diverte com isso,de ter enganado Serafim Meneghel.Dificil Hein,

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