De Rogério Distéfano, no blog O Insulto Diário
A letra h tem um destino estranho na língua do Brasil. Sucessivas reformas ortográficas foram eliminando seu uso e o substituindo por equivalentes fonéticos: chímica por química, para citar de cabeça. O h permaneceu nos vocábulos onde era indispensável: conhecer, amanhã. A certa altura tornou-se falsa alavanca de ascensão social.
Dondocas registram filhas como Mariah, sonhando que o h final funcione como acento e alguém evoque a cantora Mariah (Maraia) Carey. Da metade para baixo da escala sócio-econômica o h é polvilhado como sal, ao gosto do freguês, no início, no meio e no fim dos nomes: tem Hiago, Jhenniffer (aqui a paixão da consoante dupla) e por aí vai.
Hoje assisti críticas ao Atlético Paranaense por incorporar o h, agora Athlético. A diretoria nada mais fez que resgatar a grafia de origem. Podia o mesmo com o Clube, Club no nascimento. A algaravia ofendia a língua, a gramática e os ouvidos: “como se pronuncia, é At gr lético?”. Buscava-se um h aspirado para turbinar o time?
O h no Athlético não faz diferença, é falado igual. Fosse Atlhético, aí sim, o h iria parir um som complicado no conjunto da pronúncia. Fiquei quieto, não seria ético fazer o sabido, um pária paranista de origem colorada entre athleticanos campeões, comandados pelo condottiere Mario Petraglia. Será que o Paraná sairia desse miserê mudando para Paranah Club?
É Athletico sem acento… Se grafia antiga ganhasse jogo, uns Foot-Ball Club por aí não estariam na descendente.
Paraná Clube? Aguardem o Club Athletico Pherroviario-Savoia… Este vai voltar prós trilhos.