Não há informações sobre o motivo da ausência do acusado. Familiares, amigos e pessoas solidárias às vítimas se reuniram na frente da sede do MP com máscaras e faixas para protestar contra o médium.

Durante a manifestação, a mãe de um dos rapazes abusados disse à Banda B que, ao longo das investigações, descobriu-se que uma das denúncias data de 56 anos atrás. “Se nós fizermos o cálculo, vemos que isso sempre aconteceu, mas só soubemos agora. Há relatos de que ele [o professor] dizia que havia ‘interferência de espírito’, causando medo e falando para a vítima não contar aquilo para ninguém, porque ela seria perseguida”, afirmou a mulher, que preferiu não se identificar.

Uma voluntária da Sociedade, Lourdes Perussi, também foi até o MP para protestar. Ela afirmou que a primeira reação que teve ao saber do caso foi de incredulidade.De acordo com ela, os alvos do presidente eram rapazes, de diferentes idades, que frequentavam o centro espírita e haviam sido convidados para participar das sessões já como médiuns. “Havia uma manobra para mostrar que eles eram importantes dentro desse esquema e, a partir daí, eram abusados”, relatou a mãe.

“Eu frequentei a casa por mais de 30 anos e não poderia imaginar que algo desse tipo acontecia ali. Mas fui buscando informações, formando uma colcha de retalhos e mais vítimas foram aparecendo. São denúncias muito graves, eu conheço alguns desses jovens que passaram por momentos de muita tristeza e solidão, porque guardavam tudo. Eu sei, no entanto, que o ensinamento cristão é muito maior do que o posicionamento equivocado de uma única pessoa”, finalizou.

Procurado, o Ministério Público confirmou que o caso está sendo investigado pelo Núcleo de Apoio às Vítimas de Estupro. Os trabalhos, que estão em fase de conclusão, correm em segredo de justiça.

Em fevereiro deste ano, a Sociedade divulgou uma nota de solidariedade ao professor, assinada por diversos médicos. O texto diz que todos os trabalhos se desenvolvem em clima de “serenidade, silêncio e recolhimento”.

“Salta aos olhos que os fatos descritos nos vídeos [de denúncia contra Maury] jamais poderiam ter lugar em sessão de Ectoplasmia da SBEE. A história neles contada não é apenas inverídica, ela é inverossímil. Nela não se pode acreditar porque seria necessário o concurso e a cumplicidade de todos os participantes dos trabalhos para que os fatos nela narrados acontecessem”, afirma a nota.