por Zé da Silva
Capricórnio
tenho várias navalhas guardadas numa gaveta algumas velhas enferrujadas outras tinindo de novas importadas gosto muito de uma de lâmina larga com desenhos cabo de madrepérola às vezes eu as colocava abertas na mesa perto da janela para ficar admirando o brilho outras vezes corria o dedo no fio da lâmina para sentir não sei o quê nunca entendi a atração e o psiquiatra também não mas elas ficavam ali esperando talvez que eu escolhesse uma para fazer a barba mas essa técnica pra mim só os profissionais assim como aquele jogo de capoeira onde os lutadores rodavam o rabo de arraia com elas armadas entre os dedos dos pés mas um dia achei utilidade e coloquei logo em prática saí com a preferida no bolso do casaco e fui ao centro da cidade na rua mais movimentada para escolher a vítima não demorou apareceu o grisalho que deixou crescer a parte que restou do cabelo e fez um rabo de cavalo que rapidamente ataquei e cortei sem que ele percebesse foi assim que comecei minha coleção de “escalpos” que ficam guardados numa gaveta abaixo daquela onde estão minhas navalhas queridas.