5:47Em números, o inferno de Beto Richa

Da Gazeta do Povo, em reportagem de Katna Baran:

Popularidade de Richa despenca e 76% dos paranaenses desaprovam sua gestão

Levantamento do Instituto Paraná Pesquisas mostra que apenas 20% aprovam a administração tucana após o “pacotaço”

Passados três meses da posse no segundo mandato, a avaliação do governador Beto Richa (PSDB) despencou entre os eleitores. Conforme levantamento do Instituto Paraná Pesquisas, encomendado pela Gazeta do Povo, 76% dos paranaenses desaprovam o atual governo. O número é quase 50 pontos porcentuais maior do que os que avaliavam negativamente a gestão estadual no final do primeiro mandato do tucano.

Em dezembro do ano passado, Richa já havia amargado sua pior avaliação desde 2011, segundo o Paraná Pesquisas. Na ocasião, 65% dos paranaenses aprovavam sua administração.

Se as eleições fossem hoje, o governador Beto Richa correria sério risco de não se reeleger – ao menos no primeiro turno –, conforme aponta o levantamento encomendado pela Gazeta do Povo. Isso porque 57% dos eleitores que votaram no tucano afirmaram ao Instituto Paraná Pesquisas que mudariam de posição, ou seja, não votariam em Richa novamente.

Apenas 38% dos entrevistados disseram que manteriam o voto. No final do primeiro mandato, quase 91% dos que se autoproclamaram eleitores de Richa disseram que votariam no governador novamente e apenas 6% haviam mudado de posicionamento.

Entre os que não votaram no governador, o índice é ainda mais baixo: apenas 4% dos eleitores pesquisados escolheriam o tucano nas urnas se a eleição fosse hoje. Em dezembro, 24% dos entrevistados disseram que votariam em Richa mesmo não tendo escolhido ele há quatro anos.

Confira o gráfico: beto desaprovacao

Tarifaço de dezembro e pacotaço de austeridade são mal avaliados

A crise financeira do estado e os recentes “pacotes de maldades” enviados à Assembleia Legislativa pelo Executivo na tentativa de reequilibrar o caixa financeiro do governo podem explicar a queda livre nos índices de aprovação do governador Beto Richa (PSDB) nos últimos três meses.

O Instituto Paraná Pesquisas mediu o grau de conhecimento e a avaliação dos eleitores paranaenses sobre as últimas medidas do governo do estado. Quase 75% dos pesquisados afirmaram conhecer o pacote de aumento de impostos do governo, aprovado em dezembro pelos deputados. Entre os que tomaram conhecimento do aumento de tributos, 96% desaprovaram as medidas, que incluem o aumento do IPVA e do ICMS.

A maioria dos entrevistados (76%) também rejeita o pacote de austeridade que o governo tentou aprovar no início do mês passado. Entre as medidas, estavam o corte de gastos, benefícios para servidores e mudanças na Paranaprevidência. A tentativa do governo acabou na ocupação da Assembleia pelos professores, que seriam os maiores atingidos com os cortes. A categoria se mantêm em greve desde então.

Diante do desgaste político, Richa voltou atrás e decidiu dividir o pacotaço para enviar partes do projeto para apreciação na Casa e sem utilizar o recurso da comissão geral – o poular “tratoraço”, em que as matéria são votadas num único dia. Assim, as propostas devem tramitar normalmente entre as comissões temáticas da Assembleia.

Mudança de foco

A percepção dos eleitores paranaenses sobre as áreas de “gargalo” do governo do estado também mudou. Historicamente, os setores mais mal avaliados nos levantamentos do Instituto Paraná Pesquisas eram saúde e segurança. Agora, segundo a nova avaliação, a área que mais necessita de atenção é a educação.

Cerca de 72% dos entrevistados apontaram como ruim ou péssimo o desempenho do governo do estado nessa área. Quase 17% consideram que a gestão da educação no Paraná é regular, enquanto que cerca de 10% avaliam positivamente o setor.

A gestão da saúde aparece agora em segundo lugar como pior área do governo paranaense – cerca de 59% dos eleitores consideram que a administração da área é ruim ou péssima. Quase 54% dos entrevistados avaliam negativamente a segurança pública do estado e 46% consideram ruim a condução do governo na área social. (KB)

Crise financeira e na educação explicam a queda na aprovação

Para o cientista político Mário Sérgio Lepre, da PUCPR, os índices apontados pelo Instituto Paraná Pesquisas mostram que o eleitor rejeitou o pacote de medidas de austeridade proposto pelo governo início do mês passado – assim como o formato no qual ele foi apresentado, numa tentativa de aprová-lo às pressas. O impacto do “pacotaço”, aliado à crise na educação – uma área particularmente sensível –, fizeram com que os números de aprovação de Richa caíssem de forma recorde. “A impressão que ele passou é de que o governo erra, mas quem paga a conta é a sociedade”, diz.

Já para Emerson Cervi, cientista político da UFPR, há, por parte do eleitor, um sentimento de que “as decisões administrativas não refletem o discurso e as propostas do candidato à reeleição”. “Não tem a ver só com as estratégias políticas, mas com a autonomia do eleitor. É uma forma do cidadão dizer que as promessas de campanha não se concretizaram”, afirma.

Ele diz que a queda não pode ser analisada sem considerar o contexto atual. “Os prefeitos estão com uma avaliação ruim, o governo federal está em baixa, as avaliações dos governos estaduais, em geral, estão baixas. Há um descontentamento geral com as administrações”, afirma. Ainda assim, a queda da popularidade do governador, de 65% para 20%, está muito acima de outros governantes.

Cervi avalia, porém, que a reversão desses números é “totalmente possível” ao longo dos próximos quatro anos. “Vai depender das próximas decisões [de Richa] e, claro, do contexto econômico do país”, afirma. Lepre avalia de forma similar. “Se ele teve essa queda em apenas três meses, é claro que há a possibilidade de as coisas mudarem. Mas ele vai ter que repensar sua estratégia política e aprender a dialogar melhor com a sociedade”, afirma.

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5 ideias sobre “Em números, o inferno de Beto Richa

  1. juca

    O mesmo fato existe com a Presidente Dilma. Isso é resultado de não falarem a verdade na campanha, onde ambos e outros disseram que tudo estava bem, como ” o melhor está por vir”, aqui no Paraná e ” “novos tempos novo governo”, além da crítica feroz contra uma possível nomeação de Arminio Fraga pelo seu adversário Aécio Neves e por ironia do destino e impossibilidade de esconder a situação econômica, nomeou Joaquim Levy e a coisa está sendo feito do mesmo jeito que poderia acontecer com o outro, mas o fato que ela mentiu. Então as duas mentiras fizeram despencar a popularidade de ambos

  2. Luiz Afonso Miguel

    É só esperar algum tempo e o “Fica Richa” volta aos carros dos alienados paranaenses.

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