Não precisa gostar de mim.
Eu também não gosto de mim.
Se eu me amasse
faria um filho em mim mesmo
e meus mamilos machos
leitariam sem fim.
Se eu me amasse
compreenderia meu corpo
me desculpando de todos os pecados.
Ficaria católico
filho de Cristo amante
em cetim violeta-roxo-brilhante.
Se eu me amasse
me colocaria
docemente a dormir
indo na direção do vácuo
onde mora o Senhor
para buscar uma nova senha
para tentar uma outra vida
dessa vez
menos fracassada.
de Enio Mainardi em O Moedor