Tem dias que eu preferia
fosse amanhã.
De hoje não posso fugir
se aceito, se não aceito
é o fato, é o agora
é a verdade que se prova
sem precisar nada para provar.
De hoje sei que o tempo
passa lentou ou devagar
o relógio mentindo sem parar.
Se duvido, do que duvido
se não sei o que duvidar?
Será que hoje existiria
sem o ontem chegar?
Como posso confiar
naquilo que vejo
se os meus próprios olhos
não foram eles a se fabricar?
Quem é, onde se esconde
aquele que tudo fez
e não quer se mostrar
e que tanto se mostra
me deixando cego
pelo tanto que me ponho a olhar?
de Enio Mainardi em O Moedor