8:37A dúvida

Da coluna de Celso Nascimento no jornal Gazeta do Povo:

 

Haja eficiência 1

Em março deste ano, o Conselho Nacional de Justiça (CNJ) mostrou que o Paraná figurava em sétimo lugar entre os estados brasileiros com o maior número de mandados de prisão aguardando cumprimento. Dos mandados expedidos pela Justiça entre junho de 2011 e março de 2013, a polícia tinha sido capaz de cumprir apenas 20%. Atualmente, são mais de 30 mil os mandados.

Haja eficiência 2

Esses dados refletem um descalabro: cerca de 30 mil homicidas, latrocidas, ladrões, pedófilos etc., já identificados e julgados, continuam nas ruas. Fora milhares de outros criminosos que, por falhas na investigação, nem chegaram a ser identificados. Veja-se o caso da menina Rachel Genofre, cujo corpo foi achado numa mala abandonada na Rodoferroviária há cinco anos. Até hoje não se descobriu o autor. Sobre a morte da adolescente Tayná, há dois meses, sabe-se que suspeitos foram torturados, mas os verdadeiros criminosos são ainda desconhecidos.

Haja eficiência 3

Tanto fracasso contrasta com a rapidez e o empenho que levaram a polícia paranaense a vasculhar até o Palácio do Planalto para, enfim, prender no fim de semana, em Foz do Iguaçu, o ex-prefeito de Realeza, Eduardo Gaievski, acusado de assédio sexual e abuso de crianças e adolescentes. Essa eficiência é digna dos maiores elogios – afinal, se há alguém que a Justiça considera um perigo para a sociedade e manda prendê-lo, o melhor a fazer é cumprir o mandado de prisão o quanto antes. Caso de Gaievski, que ontem, teve habeas corpus negado em razão da profusão de provas que pesam contra ele. Nada mais natural, portanto, que ele não se torne mais um dentre os 30 mil criminosos soltos por aí.

Haja eficiência 4

Entretanto, não deixa de ser no mínimo curioso que tanta rapidez não se note em casos tão escabrosos quanto o de Gaievski. E daí vem a pergunta: seria por que ele ocupava alto cargo de confiança no gabinete da chefe da Casa Civil da Presidência, Gleisi Hoffmann? E, por coincidência, virtual adversária na disputa pelo Palácio Iguaçu contra seu atual ocupante? Não, não pode ser. Esse fenômeno de ligeireza policial nada tem a ver com política…

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9 ideias sobre “A dúvida

  1. Celso Nascituro

    3 anos de processo, mais vitimas e vítimas depondo no MP e Juízo, o personagem suposto com ‘costas quentes’ e o Celso Nascimento acha que mandado de prisão não deve ser cumprido?
    Investigação dos assassinatos das meninas não tem nada a ver com pedofilia e exploração de menor, né Celso?
    Tá tentando justificar o trabalho da Abin e da ministra que não leêm certidões?
    Contrataram um monstro e agora…

  2. Adalgiso Pessogna

    Claro que o sujeito é um monstro. E isso não é negado pelo colunista. Mas que a eficiência da polícia paranaense parece ser seletiva, isso lá parece. Não é elementar, caro Watson?

  3. Pedro Bó

    Não entendi o texto do colunista da Gazeta, mas parece que ele tá defendo que o gaiatoievski foi preso injutstamente. É isso? Alguém explica?

  4. Fábio

    Mandado de prisão não significa que o suspeito foi julgado, mas que a Justiça o quer detido, para não atrapalhar as investigações da polícia.

  5. john

    Nojento esse jornalismo marrom que esse Jornaleco faz no Paraná!!!

    Direcionamento e tendencioso claro!!!

    É um ultraje a inteligência manter esse jornalista, ainda mais como destacado colunista!

    Ao narrar ele diz que existem 30.000 mandados pendentes, sendo eles homicidas, estupradores e traficantes!

    Se todos esses mandados fossem para esse tipo de gente, estaríamos em guerra civil!!!

    Muitos desses mandados, são por ausência em audiências ou cumprimentos de medidas alternativas.

    Rotular 30.000 mandados como se todos fossem facínoras só mostra o péssimo jornalismo praticado por esse jornal que não serve nem para limpar vidro!

  6. Fernando

    Dá muita pena ver a pobreza de alguns comentários aqui postados sobre a coluna do jornalista da Gazeta do Povo. Parecem ser propositais as equivocadas “interpretações” que fazem a respeito do texto. Quem leu sem paixões a coluna dele percebe claramente que 1) ele não defendeu o Gaievski, muito pelo contrário; 2) mostra, com dados oficiais do CNJ, que a polícia do Paraná é a sétima mais ineficiente do Brasil quando se trata de cumprir mandados de prisão; 3) são 30 mil criminosos soltos há anos ameaçando a segurança dos paranaenses porque a polícia não se esforça para localizá-los; 4) mas que no caso de Gaievski o esforço para prendê-lo com tanta rapidez foi visivelmente incomum. O colunista tem razão, portanto, de desconfiar que neste caso prevaleceu o interesse político, com o claro objetivo de constranger a descuidada ministra Gleisi Hoffmann, responsável pela contratação do estuprador, adversária de Beto Richa na eleição do ano que vem. Pena que o jornalista não mencionou que o governador nomeou rapidinho o Ezequias Moreira, o homem da sogra, para um cargo de secretário para evitar que contra ele em breve pesasse também um mandado de prisão. O sr. Richa agiria com Ezequias com a mesma rapidez empregou no caso do Gaievski?

  7. leitor

    É que o blog, Fernando, tem grande audiência no Palácio Iguaçu. Por isso, quando (raramente) saem notícias que deixam mal a turma do Richa, os comissionados estrilam.

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