8:09O treino de Gleisi Hoffmann

Notaram como, de um mês para cá, a ministra Gleisi Hoffmann tem aparecido na telinha dando explicações sobre os temas onde o governo se meteu em confusão? Ela assumiu o cargo há dois anos, mais precisamente no dia 12 de junho de 2011, um dia depois da queda de Antonio Palocci. De lá para cá, manteve-se discreta, mas dentro do gabinete. Continua discreta, mas agora enfrenta câmeras e microfones do Brasil inteiro, como ontem, ao falar sobre a disposição do Senado de não aprovar a MP que diminui os gastos com as contas de energia elétrica da ninguenzada. Pode ser tudo, pode ser nada, mas que isso é um treino para a parada que vai enfrentar no ano que vem, quando deixa o cargo e entra de corpo e alma na disputa pelo governo do Paraná, ah, isso é verdade. Ao contrário do marido, o também ministro Paulo Bernardo, pavio curtíssimo, Gleisi pode até tremer por dentro e suar frio, mas não demonstra, mesmo nas situações mais espinhosas. A voz, cujas palavras parecem ser pronunciadas depois de serem amaciadas num corredor de veludo, podem ser consideradas sem vida para os inimigos, e suaves como brisa pelos petistas, que enxergam nela a grande possibilidade de o partido tomar conta do Estado, apesar de a agremiação não ter muito poder de fogo numa sociedade sabidamente conservadora. Mas é a imagem de Gleisi que será explorada. É mulher e não tem nada do esterótipo do militante petista. Que ela é determinada, podem ter certeza. Certa vez, em entrevista no programa “Diálogo”, comandando pelo chapa Sérgio Silva na Rádio Evangelizar, respondeu à pergunta do signatário sobre o tempo que o partido imaginava se manter no poder: “Vinte anos é pouco para realizarmos as transformações que o Brasil precisa”. Estava em campanha ao Senado e ali, na busca dos votos, mostrou do que era capaz ao fazer campanha ao lado de Roberto Requião, que acusou Paulo Bernardo de tentar corrompê-lo – e por isso foi condenado pela Justiça. No outro lado da trincheira Beto Richa e sua turma sabem que a disputa vai ser dura. Está sendo aliás, na troca de farpas sobre o possível uso político na liberação de verbas para o Estado. Como o grupo perdeu Curitiba para o pedetista Gustavo Fruet, que se aliou ao PT, o governador intensificou suas viagens ao Estado para marcar presença, ele que, neste quesito, está muito bem treinado e tem cuida da imagem de galã. É uma teoria, mas pode ser que Gleisi tenha começado a treinar no fogo que sempre arde no Planalto este lado, que conta muito, afinal, foi por falta de uma empatia com o público que Luciano Ducci nem foi para o segundo turno na disputa pela prefeitura de Curitiba – e isso abriu um rombo no lado de Richa e o caminho para Gleisi Hoffmann e o PT terem esperança de disputar o poder no Estado.

Compartilhe

Deixe uma resposta

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

Esse site utiliza o Akismet para reduzir spam. Aprenda como seus dados de comentários são processados.