de João Cabral de Melo Neto
Não é a bola alguma carta
que se leva de casa em casa:
é antes telegrama que vai
de onde o atiram ao onde cai.
Parado, o brasileiro a faz
ir onde há-de, sem leva e traz;
com aritméticas de circo
ele a faz ir onde é preciso;
em telegrama, que é sem tempo
ele a faz ir ao mais extremo.
Não corre: ele sabe que a bola,
Telegrama, mais que corre voa.
Como diria o saudoso Lino Zella, isto era antes tempo. Hoje o jogador brasileiro quer ser treinado por um técnico espanhol.
O jogadores brasileiros de hoje são educados, desde as escolinhas de futebol, a fazerem a maior correria. Correm mais que a bola, esquecem a bola, batem e correm até tirar o fôlego da bola. Você já vou um treinamento desses, Zé? Cansa só de assistir…