17:39Juiz terá de decidir se dá aulas na UFPR ou assessora ministra do STF

Do Consultor Jurídico, em reportagem de Pedro Canário:

O juiz federal Sérgio Fernando Moro vai ter de escolher entre o magistério e a assessoria da ministra Rosa Weber, do Supremo Tribunal Federal. A juíza federal Claudia Cristina Cristofani, da 5ª Vara Federal de Curitiba, decidiu que a Faculdade de Direito da Universidade Federal do Paraná não tem de ceder às exigências de Moro para que ele possa continuar dando aulas.

A briga está no Judiciário desde o início do mês passado. Em Mandado de Segurança, Moro pediu que a Justiça Federal do Paraná obrigasse a UFPR a aceitar suas condições e o deixasse dar as aulas apenas nos dias em que podia. Em liminar, depois confirmada pelo Tribunal Regional da 4ª Região, a Faculdade de Direito da UFPR ganhou a queda de braço.

Sérgio Moro é juiz federal da 2ª Vara Federal Criminal de Curitiba e professor de Processo Penal na UFPR. No início deste ano, foi chamado para ser assessor da ministra Rosa Weber, no Supremo. Aceitou o convite, que inicialmente era de seis meses, mas que foi prorrogado para o segundo semestre.

Sem folga
O trabalho de assessor obriga o juiz a ficar em Brasília de segunda à quinta-feiras, o que o impede de dar as oito horas-aula semanais que seu contrato obriga. Enquanto sua convocação era para apenas seis meses, Moro conseguira trocar seus horários informalmente com outros professores, comprometendo-se a compensar as aulas não dadas aos sábados durante o segundo semestre.

Mas com a renovação da convocação ao gabinete da ministra Rosa, o acerto teve de ser desfeito. Ele recorreu à Faculdade de Direito, exigindo que a instituição permitisse que ele desse suas aulas às sextas. Pela carga horária que tem, Moro daria três aulas seguidas às sextas-feiras e eventualmente aos sábados.

A faculdade negou. Mostrou que o Regimento Interno proíbe que mais de duas aulas da mesma matéria sejam ministradas em sequência. E que a proposta de Moro o faria dar menos aulas do que seu contrato determina. Moro brigou, disse que seria uma grande vantagem, tanto para a faculdade como para os alunos, que um assessor de ministro do Supremo ministrasse suas aulas ali.

Nem sempre
A juíza Claudia Cristina, ao decidir o mérito do MS, afirmou que o Judiciário não pode determinar a uma universidade federal o que fazer. A Justiça só tem competência para agir caso haja alguma ilegalidade, ou se os atos da instituição de ensino forem contra os alunos, professores ou funcionários. O caso de Sérgio Moro não se encaixa em nenhuma das possibilidades.

“As normas de regência asseguram às universidades, dentre suas atribuições, a de fixar seus currículos e elaborar seus Estatutos e Regimentos, descabendo ao Judiciário quaisquer ingerências na livre iniciativa das Instituições de Ensino, porquanto a interferência do Judiciário somente é cabível quando constatada ofensa à legislação vigente, ou ainda quando a interpretação das normas disciplinadoras leve a conclusão contrária aos interesses da administração ou infrinja direitos assegurados aos particulares que com ela interajam, o que não é o caso dos autos”, sentencia Claudia Cristina, citando precedente do Tribunal Regional Federal da 3ª Região.

Ela também afirma que a faculdade propôs algumas soluções a Moro, demonstrando boa-fé e vontade de se acertar com o professor. Umas delas era que o juiz pedisse ao STF uma carta explicando a convocação e dizendo em quais dias Moro seria necessário e em quais poderia voltar a Curitiba para dar aulas. Mas ele não aceitou.

“De outra parte, ao impetrante foi garantida a veiculação de sua pretensão de forma ampla e dialética. Teve a oportunidade de expor seus fundamentos, debater possíveis soluções, argumentar sobre a importância de sua designação, e entre colegas trabalhar com todos os elementos sensíveis que cercaram a tomada de decisão. Não obteve deferimento, infelizmente.”

Procurado pela reportagem da ConJur, Sérgio Moro preferiu não comentar nada sobre o caso. Também não disse se pretende recorrer da decisão, da qual cabe recurso.

Clique aqui para ler a sentença.

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6 ideias sobre “Juiz terá de decidir se dá aulas na UFPR ou assessora ministra do STF

  1. eldo leite

    caro, já que o juiz Sérgio Fernando Moro faz tanta questão de continuar no magistério, e a UFPR está “dificultando” seu acesso ao trabalho, eu posso arrumar pra ele umas aulas aqui em S.Paulo na Educação Infantil…são 25 crianças por sala, 40 horas semanais e salário de 890 reais liquidos e vale-refeição diário de 6 reais…interessa???!!!! posso deixar meu telefone pra contato???!!!…já quase me esqueci: a paciência tem de ser de “jó”..OK??!!! abraço…

  2. Juliana

    Ele deve ficar com os dois…claroooo…se ele quer continuar no magistério… a UFPR deve ajudar….que ignorância

  3. zangado

    Antes se dizia entre a cruz e a caldeirinha, hoje fica-se entre o púlpito e o palpite …

  4. fernando

    para quem não se lembra o juiz sergio moro é titular da vara de levagem de dinheiro, ótimo juiz e reconhecido no pais pela suas decisões e conhecimento, razão pela qula é que foi chamado para atuar no STF, com extrema competencia é claro que qualquer faculdade tem interesse na suas aulas, mas a UFPR também tem suas evidencias de “vaidade” o que a prejudica ha muito tempo.
    O juiz sergio moro precisa ficar bo STF neste momento histórico do mensalão, principalmente na matéria penal e de lavagem de dinheiro que bem domina. Será que tem interesse de alguém para que saia neste momento

  5. Barata

    Fernando, faz muito tempo que não vejo ótimos juízes.
    Acho que estão fazendo muito pouco.
    Se ele é tão importante assim, deveria sair da UFPR e ficar no STF.

    Mensalão: não vai acontecer NADA, se alguém for preso (duvido) mesmo assim pro cara vai VALER A PENA. Quem não ficaria preso um ano pra sair e ter milhões? Na cadeia ainda ficaria lendo, ouvindo musica, fazendo exercício, no brasil vale a pena ser bandido. Cumpriu a PENA e saiu MILIONÁRIO, viva o STF.

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