0:00Grande noite do Germano e do Magrão

O Magrão (Arlindo Ventura) é daqueles inseguros que acertam sempre. Terminado o excepcional show de Germano Mathias, sob chuva abençoada, tal o estado de graça de quem esteve nesta nova edição da Quadra Cultural, lá estava o grande agitador cultural da cidade perguntando para os donos das barracas se tinham vendido bem e, para o signatário, se o espetáculo tinha agradado. Se a atração principal deste dia mostrasse apenas o barrigão e dançasse feito uma mulata do bairro Casa Verde e todos sairíamos satisfeitos. Se o sambista paulistano, branco, com sotaque macarronado, tocasse apenas trombone com o canto da boca, sem instrumento, e seria perfeito. Mas Germano Mathias fez mais, fez tudo: cantou e encantou, contou piadas e, feito malandro velho, 77 anos de janela, até desafiou os que vaiaram a presença do prefeito Luciano Ducci, cuja prefeitura que comanda é parceira no espetáculo, e disse que, “só de marra”, iria virar cabo eleitoral do político – e que dia 29 de março, no aniversário da cidade, estará de volta para a festa. Meu caro Magrão, a Quadra Cultural foi um grande sucesso, apesar do povo que insiste em ficar batendo papo enquanto os artistas se apresentam. Perderam um show que só não foi completo porque, infelizmente, o grande sambista não pode acompanhar o excepcional conjunto que o acompanha com a tampinha de graxa de sapato que faz parte da sua história na MPB. Germano Mathias não é de Sampa, nem do Rio, onde, como cantou, acompanhou Zé Keti pelos morros. Germano agora também é de Curitiba, onde fez uma moçadinha jovem dançar no samba sincopado, limpo, sem firula, com bossa, energia, vitalidade, batuque, malandragem e saravá. A próxima atração o Magrão não conta. Mesmo para este seu confidente, que sabia há mais de um ano que veria pela primeira vez, ao vivo, um artista que acompanha desde os tempos de criança. Mas a certeza é a de que vem coisa boa. Porque o Magrão sabe das coisas, por isso é inseguro.

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