Foto de Igor Gomes

Tela de Ana Serafin

A foto e o quadro acima fazem parte da exposição Universo Paralelo que reúne 15 artistas do Centro de Arte Contemporânea Edilson Viriato que fazem uma releitura das fotografias de Igor Gomes, nosso colaborador. A mostra será aberta nesta terça-feira  às 19h30 (ver cartaz abaixo).

texto de João Coviello

Curiosamente a primeira exposição do movimento impressionista aconteceu no estúdio do fotógrafo Nadar. Essa relação amistosa não demonstra aquilo que normalmente pensamos sobre a relação entre pintura e fotografia: a de que esse novo meio técnico questionava a pintura como meio privilegiado de representação. A fotografia unia arte e
tecnologia, e mostrava que essa forma hibrida servia também como forma de apreensão da realidade, mesmo que de forma mecânica. O resultado disso é que começaram surgir novos
significados para a pintura e para a própria fotografia. Porém, não mais como problema ou
competição, mas como respostas às perguntas que fazemos sobre o mundo. Os dois processos
satisfazem nossos desejos por imagens; ambos caminham juntos, sem traumas ou perda de
independência de um ou de outro. Afinal, documental ou picturalista, mecânica ou digital, a
fotografia sempre se serviu da pintura, tanto quanto o inverso.
Esta exposição segue uma estratégia também usada por vários artistas desde os
primórdios da fotografia. Courbet, Toulouse-Lautrec ou Degas utilizaram imagens
fotográficas sem problemas ou culpas. Da mesma forma, parte-se aqui da fotografia para a
pintura. Será curioso verificar como os artistas desta exposição interpretaram as imagens de
Igor Gomes. Quase duzentos anos após Joseph Niépce conseguir fazer a primeira imagem
fotográfica, continuamos analisar como se processa essa interação entre essas duas formas de
expressão com projetos estéticos próprios e identidades definidas. Mesmo diferentes, pintura
e fotografia compartilham os mesmos universos.