A velha pianista, dedos crispados pela artrose, já não pode tocar. Tampouco ensinar, os alunos perdidos. Sozinha, mal sobreviver. De tudo se desfaz, por qualquer preço. Menos do piano.
– E esse piano, de marca famosa, agora fechado…
– Ah, esse piano, não posso.
– Por quê?
– Assim fechado – ouça! – ele toca ainda para mim.
de Dalton Trevisan em Desgracida