10:28Vai baixar!

É como se fôssemos tomados por uma onda que vem desde os tempos imemoriais, mas que tem uma data marcante quando aqui desembarcaram as primeiras bolas de futebol trazidas da Inglaterra pelo paulistano Charles Willian Miller, em fevereiro de 1894. Não tem nada a ver com patriotismo, xenofobismo. É amor puro por uma arte, a de dominar a redonda, seja ela de meia, capotão ou essa modernosa de nome estranho feita em laboratório. Hoje, a poucas horas da estreia em mais uma Copa do Mundo, esquecemos o treineiro, os craques que ficaram, esquemas táticos, esquecemos tudo porque lá no fundo há uma coisa, indecifrável, que nos dá a certeza de que aqueles que entrarão em campo são o resultado de tudo o que aconteceu até hoje neste país que é e sempre será o dono da bola, mesmo quando perde, mesmo quando não joga nada, mesmo quando tragédias nos abatem como as de 50 e 82. Um único jogador, desses que são unanimidade, pode ganhar o campeonato pela sexta vez. O idiota que falar em ópio do povo merece o fogo dos infernos, mesmo porque quem fala assim nunca disputou um racha em campinho de terra. Nos apegamos a santos, fazemos promessas, xingamos a mãe de quem se diz neutro e capaz de analisar friamente nossas possibilidades contra os pernas de pau do resto do mundo. O beque aqui, por exemplo, saiu hoje cedo em disparada atrás de uma bandeira para pendurar na janela da sala. Numa papelaria da avenida Iguaçu a atendente disse que tinha acabado tudo. Mas havia uma na vitrine, lá no alto. Ela mandou tirar. E isso não é um sinal? Sinal de que? Que vai dar tudo certo, que a bola vai rolar redonda, mesmo com Dunga no banco e Paulo Henrique Ganso assistindo os jogos na tv como todos nós brasileiros. O Sobrenatural de Almeida e todos os grandes jogadores que fizeram e fazem essa história tão maravilhosa, que é a do nosso futebol, vão baixar. Para ajudar, desce Xangô, Menino Jesus, Espírito Santo, Nossa Senhora Aparecida, São Francisco, São Benedito, todos para o lado da tela. Amém nós todos.

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