6:37Andando em Lisboa

de Nelson Padrella*

O porto de Lisboa não tem mar.
Como no Rio Grande
um rio grande
é o mar.

No castelo de São Jorge
soldados esperam a ordem de descansar
enquanto o rei D.Manoel
conversa pacientemente com Vasco da Gama
sobre o caminho das Índias.

Chove em Lisboa a mesma chuva de Roma.
Uma mulher passa, apressada.
Eu olho. Não vejo nada.
Em Roma havia um perfume
de terra molhada.

Que fazemos em Lisboa
eu e Fernando Pessoa?
Gastamos a vida à-toa.

Sá-Carneiro, me empresta
teu tiro
para eu matar este tédio.

*“Esse poemim  fiz em Lisboa, sentado na Estação Ferroviária de Santa Apolônia. Faz parte do meu ‘Diários de Viagem’, que naufragou no meu computador, desescafandrado”

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