Acontece assim, desse jeito, e uma ponte se liga no tempo, no imaginário. Ontem terminei de ler a entrevista dada por Isaac Bashevis Singer a Philip Roth, publicada no livro “Entre Nós – Um escritor e seus colegas falam de trabalho” (Companhia das Letras). A frase sobre a distância das pessoas que morreram me impressionou. Publiquei hoje cedinho. Deixei de lado a comparação que o escritor judeu fazia com o país, no caso a Polônia, de onde saiu antes da ascensão de Hitler na Europa. Hoje cedo passei no apartamento onde moro e que, agora, visito de vez em quando, por questões que aqui não cabem explicar. Ao lado das inevitáveis contas, o envelope pardo com o jornal de literatura Rascunho dentro. Abri há pouco e, na página 23, me deparo com um artigo de Rodrigo Gurgel, de São Paulo, sobre o livro “No tribunal de meu pai”, de Singer. No primeiro parágrafo, Gurgel fala da mesma entrevista e, no segundo, a citação completa que se completa assim, além da citação deste blog: “Foi o que aconteceu comigo. A Polônia, a vida judaica da Polônia, está mais próxima de mim agora do que eu estava naquela época”. Agora Isaac Bashevis Singer agora está aqui dentro, porque assim foi escrito.