7:21Harold Pinter, adeus

da France Presse

O Prêmio Nobel de Literatura britânico Harold Pinter morreu aos 78 anos, no Reino Unido, na quarta-feira (24). Pinter sofria de câncer no fígado há vários anos. “Era um grande homem e foi um privilégio viver com ele durante 33 anos”, disse sua mulher, Lady Antonia Fraser, ao jornal “The Guardian”.

Laureado com o Nobel em 2005, o prêmio recompensou um autor que, “em suas obras revela o precipício que se esconde sob a conversa fiada diária e força sua entrada no âmbito fechado da opressão”, afirmou o júri da Academia Sueca na ocasião.

“Nascido em 1930 em Londres, Pinter geralmente é considerado o maior expoente do teatro dramático inglês da segunda metade do século 20”, acrescentou a Academia.

Aos nove anos, foi retirado de Londres durante a Segunda Guerra Mundial e só retornou à cidade três anos mais tarde. A experiência dos bombardeios permaneceu indelével em sua memória, como admitiu muitas vezes.

Em 1957 estreou como dramaturgo com “The Room”. Uma de suas primeiras obras “The Birthday Party” (‘A festa de aniversário’, 1957), inicialmente um fracasso, com o passar dos anos se tornou uma de suas peças mais encenadas.

Sua posição enquanto clássico moderno está ilustrada pela criação, a partir de seu nome, de um adjetivo que descreve uma forma de atmosfera e de um entorno particular nas peças de teatro: ‘pinteresque’.

Segundo o comunicado da Academia Sueca há três anos, “no cenário típico de Pinter estão seres que se defendem contra intrusões forâneas ou contra os próprios impulsos, entrincheirando-se em uma existência reduzida e controlada”.

“Outro tema principal é o caráter fugitivo e inalcançável do passado”, prosseguia a nota de anúncio do vencedor da Academia.

Desde 1973, Pinter também era conhecido como um fervoroso defensor dos direitos humanos.

Além disso, também escreveu novelas radiofônicas e roteiros para cinema e televisão. Entre seus trabalhos mais conhecidos nesta área estão ‘The Tailor of Panama’ (‘O alfaite do Panamá’, 2001),’ The Handmaid’s Tale’ (1990), ‘Accident’ (1967), ‘The French Lieutenant’s Woman’ (‘A mulher do tenente francês’,1981) ou ‘Breaking the Code’ (1996).

Compartilhe

Uma ideia sobre “Harold Pinter, adeus

  1. jango

    Harold Pinter, pouco conhecido entre nós, foi um hard boy, um pessoa de resistência, sua consciência valia mais que os eventuais premios que recebeu. Em “A erosão da linguagem da liberdade”, denunciou o quadro político inglês, palavras que ainda não perderam sua atualidade e estão vivas para reflexão entre nós, inclusive:

    “… Le discrédit dans lequel est tombé le langage et le mal qui ronge en profondeur l’esprit et l’intelligence morale donnent au gouvernement carte blanche pour faire ce qui lui plaît. Ses représentants peuvent désormais procéder à des écoutes, entrer par effraction, détourner des fonds, cambrioler, mentir, diffamer, brutaliser et terroriser en toute impunité. A dénoncer de tels agissements on se retrouverait tout simplement en prison alors que les serviteurs du gouvernement pourraient rester au-dessus des lois, n’ayant de comptes à rendre ni aux citoyens de ce pays ni à ses représentants devant le Parlement. (…) ). Les lois sont brutales et cyniques. Il n’y en a aucune qui prenne en compte une quelconque aspiration démocratique. Elles n’ont toutes pour objet que l’intensification et la consolidation du pouvoir étatique. A moins que nous ne nous décidions à affronter franchement cette réalité en face, ce pays libre court le danger très grave de mourir étranglé”. (do Le Monde)

    Quando vemos o compadrio das ditas autoridades de controle público em nosso país e em especial em nosso Estado do Paraná, atuando descaradamente para atender interesses personalíssimos e deixando o interesse público em segundo plano, devemos pensar no perigo que corremos em não reagir a este quadro escabroso.

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

Esse site utiliza o Akismet para reduzir spam. Aprenda como seus dados de comentários são processados.