6:59Pequenos assassinatos

Sobre a história do suposto plano para assassinar o governador Roberto Requião, manchete de ontem da Folha de Londrina, na edição de hoje só há citação do caso na coluna de Ruth Bolognese, enquanto o jornalista Celson Nascimento, principal colunista da Gazeta do Povo, desmonta o que ele chama de um novo caso Ferreirinha. Confira e avalie:

“O assassinato, parte 1

O jornal “Folha de Londrina” deu esta manchete em sua edição de ontem: “Plano para assassinar Roberto Requião”. A reportagem baseou-se numa obra de ficção urdida por gente graúda interessada em obter resultado miúdo: afastar de Palmas o delegado local, Plínio Gomes Filho. Este objetivo foi alcançado – o delegado foi parar em Altônia, a 500 quilômetros de distância! Quanto ao resto, foi tudo uma montagem. Resumidamente, eis como se deram as coisas:

• Em meados de abril passado, Cléber Gomes, 27 anos, sem profissão definida e vasto prontuário nas polícias do Paraná e Santa Catarina, escreveu um e-mail a Requião informando-o da existência de uma suposta trama para assassiná-lo. Fariam parte do complô o delegado Plínio, o ex-prefeito Hilário Andrasko, o ex-vice Francisco Puton, o presidente da OAB local, Raul Boeno, e os advogados Auro Mello e Celso Sonsa.

• Requião mandou investigar. A P2 (polícia secreta da PM) e a delegada Vanessa Alice, do Cope, foram a Palmas. Interrogaram Cléber e os acusados. A história era inconsistente, mas, como de praxe, foi feito um Auto de Verificação de Procedência e enviado relatório à Secretaria de Segurança.

• Dias depois, o delegado Plínio foi transferido para a distante Altônia, por meio da Resolução 228/07, assinada pelo secretário Luiz Fernando Delazari e publicada em 9 de maio. Os demais suspeitos não mais foram perturbados.

• A OAB de Palmas protestou oficialmente contra o ato arbitrário de transferência do delegado. Um grupo veio a Curitiba e pediu à Polícia Civil para que revisse a medida. Recebeu a informação de que a ordem de remoção partiu diretamente de Requião e a promessa de que o delegado voltaria a Palmas “assim que o governador se acalmar”.

• A OAB, por intermédio do atual e de um ex-presidente (Raul Boeno e Auro Mello) e do presidente local do PMDB, Vilmo Rodrigues, apelaram também ao deputado Antônio Anibelli, representante da região.

O “assassinato”, parte 2

No encontro, surpreenderam-se com a confissão do deputado Antônio Anibelli de que foi ele o mentor da falsa denúncia e que o teria feito a pedido de um aliado, o prefeito de Mangueirinha, Miguel Rodrigues de Aguiar, interessado na saída do delegado!

Explica-se o aborrecimento do deputado e do prefeito com o delegado Plínio Gomes: o policial foi quem prendeu Antônio Anibelli em flagrante na eleição de 2002 por suposta compra de votos, a pedido da juíza de Direito de Palmas – que depois o inocentou por falta de provas. Já o prefeito revoltou-se com o fato de o delegado ter aberto inquéritos contra um vereador do seu grupo, suspeito de receptação e denunciado pelo Ministério Público.

Juntando tudo isso, acharam, na pessoa de Cléber Gomes, um “Ferreirinha” para acusar o delegado de conspirar o assassinato do governador.

Palmas é a cidade natal do policial e lá ele tem família. Numa quinta-feira, 14 de junho, quis viajar a passeio para sua terra aproveitando folga regulamentar, mas foi impedido por “ordens superiores” e advertido: “Se voltar, a coisa vai complicar”.

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