15:48Um amor de esquerda

por Rogério Distéfano, no blog  O Insulto Diário

Tive trelelê com a garota de esquerda, tempo de faculdade. Extrema esquerda, planejava guerrilha. Frequentava o aparelho comunista na Praça Tiradentes; me largava na entrada do prédio, eu confiável no amor, desconfiável na política. Eu era da direita festiva, sempre em programas com gente de esquerda. Tinha disso naquele tempo.

Com a repressão, ela sumiu na clandestinidade. Outro nome, escondida até hoje, como o soldado japonês que continuou na selva 50 anos depois da rendição do imperador. Linda, pele, cabeça, tronco e membros glórias do caldeirão étnico. Às sextas vinha do banho com atmosfera de alfazema, que não me sai da memória olfativa.

A garota de esquerda não tinha dessas coisas que o cretino filho de Jair Bolsonaro diz das mulheres de esquerda. Nunca fiz política à esquerda ou à direita, hoje estou mais para anarquista lírico, como Chaplin. Mas aprendi que no amor a diferença entre mulheres de direita e de esquerda não está no asseio e sim no lado da cama que escolhem.

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