17:08Tributo a Ogier

De Rogério Distéfano, no blog O Insulto Diário

Ah, Ogier Buchi, ausência sentida ontem no debate dos candidatos ao governo. Aquela expressão inalterável de sarcasmo, o esgar nos lábios que fácil descamba para o escárnio, seria o contraponto perfeito para a sensaboria dos demais candidatos. Ogier, candidato-não-candidato, com sua manha de advogado de rádio, colocaria aquele povo no lugar.

Por exemplo, a governadora Cida Borghetti. A gente se esforça para gostar dela; é mulher, é bonita, é charmosa – e é amada, profundamente amada pelo marido, que lhe deu tudo na bacia do amor, até alguns meses no governo do Paraná. Nos debates vem mostrando que nunca devia ter deixado de ser isso, a mulher amada.

Trocentos anos de deputada, três de vice-governadora, meses de governadora, Cida sequer treinou. Já avó, não sabe respirar. Sem serviço na vice, o que custava fazer academia de pilates, prática centrada na respiração? Na ociosidade gloriosa de vice governadora, podia ter estudado um pouco de geografia do Paraná – a humana, a econômica, um pouco de topografia.

O exato contrário de Ratinho Júnior, que lembra os caras que odiávamos na escola, o pentelho que estudou tudo, que recita a matéria de cor e salteado, o engomadinho de quem a mãe toma a lição enquanto enxuga a louça e o pai ameaça surrar de cinta se não trouxer só nota dez. Será bom governador? Duvido, não por ele, mas pelo entorno. Se for melhor que Beto Richa estará de bom tamanho – pois Beto esmerou-se no fazer merda.

Esperava mais de João Arruda. Um desperdício: galã nato e neto, tem altura, olhos, dentes, cabelos, queixo, voz de veludo, dicção clara e escandida, sem sotaque leite-quente, podia ter feito carreira no cinema dos EUA, de onde voltou graduado em educação física. Ele em Hollywood, Rodrigo Santoro seria apenas o cara que levou chifre de Luana Piovani. Arruda regressa ao Paraná para jogar no time B do tio Roberto Requião, treinando para a primeira divisão.

Arruda ensaiou vagido oportunista em favor de Michel Temer, nêmesis do tio. O wonder boy tornou-se um Requião de luvas, repaginado, cortês, educado, pragmático, uma esperança a julgar pela origem. Até que o lance do seguro de licitações, que relatou como deputado, deixou-o numa zona de sombra devido ao possível interesse do sogro – hoje no inferno de Beto Richa, que Arruda pinta como o Lupion pós-moderno. Tem mérito: não assina Requião Sobrinho.

Os outros, Dr. Rosinha e Professor Piva, na rabeira. Rosinha lembra a mocinha da antiga propaganda do xampu: a voz continua a mesma, mas a barba, como mudou… O Professor Piva é aquele filho de lavrador papa hóstia que o padre da roça encaminhou ao seminário: lá aprendeu latim, religião e piedade, refugou o voto de castidade e nos poupou do vício em meninos. Mantém o sotaque de padre da roça, o cara com cecê que vem  nos visitar e come um bolo inteiro.

O PT faz como José Mauro de Vasconcelos: Doutor Rosinha é a canoa do partido, até no nome. Sempre disponível. Quando não tem candidato ou quando os candidatos disponíveis não querem o vexame da derrota, está ali o bom doutor. É o regra três, o genérico fitoterápico, nada fortificante e completamente anódino. Ele aceita, se submete, aparatchik disciplinado, humilde, como João Vaccari Neto, fiel e discreto até sob tortura.

Foi esse o debate de ontem, nada de Paraná, era o júri de Beto Richa e seus supostos cúmplices ali presentes. A emissora podia ter emprestado roupas cenográficas ao Doutor e ao Professor. Eles compareceram vestindo ternos com cheiro de naftalina, vindos do baú dos avós que morreram há mais de cinquenta anos. Ninguém vota em candidato maltrapilho. Desconfia que começa a roubar para comprar roupa nova.

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Uma ideia sobre “Tributo a Ogier

  1. marcelo santana

    Em 2019 ele ganha um carguinho no governo do ratinhojr como ele ganhou no governo beto tricha

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