8:27Tontos e acovardados

por Janio de Freitas

 

As polícias estavam atônitas e os governadores estavam perplexos diante da violência baderneira a pretexto de manifestações populares. Agora, as polícias e os governadores estão acovardados e fogem dos seus deveres e do cumprimento das leis diante do agravamento da baderna violenta.

A tentativa de invasão do paulistano Hospital Sírio-Libanês é absolutamente inadmissível. Não foi apenas um degrau a mais na escalada da insensatez e da brutalidade. Foi uma agressão aos direitos humanos.

Atacar a emergência de um hospital é um ato intencional de exasperação dos sofrimentos e de desesperação dos que só estão ali porque sofrem, e pedem socorro.

Atacar a emergência de um hospital é um ato de covardia que não se distingue, na essência, da covardia dos torturadores.

Apesar disso, e apesar da violência que os monstrengos morais cometeram contra a resistência à invasão, a polícia só se dispôs a fazer uma prisão. De um animal com algumas aparências humanas, algumas formas semelhantes às de mulher.

Prendeu para quê? Para nada. Não. Prendeu para soltar depois de fingir que prendera. Fingiu para dizer que cumpriu a lei, que agiu de acordo com o seu dever.

Mas não teve coragem de agir para a prisão de todo o bando, para submetê-lo às investigações de sua composição, procedência e propósito verdadeiro. Por que o ataque a um hospital? Porque “o Sírio-Libanês representa o desvio de dinheiro do SUS”, como disse um dos animais? Não há como imaginar a elaboração e a adoção de um motivo desses, em referência a um hospital capaz de produzir orgulho, onde hospitais costumam ser o que se sabe, e de uma equipe médica de relevo internacional.

Mas ainda que o ataque fosse a um dos hospitais sórdidos e prejudiciais ao SUS, a agressão aos direitos humanos dos já vitimados física e emocionalmente, em uma sala de emergências, seria a mesma e do mesmo modo exigente das ações policiais corretas e necessárias.

Abusos de violência baderneira multiplicam-se dia a dia. Tentativa de invasão depredadora da sede de governo estadual no Rio, invasão depredadora da Assembleia fluminense, invasão da Câmara Legislativa em Brasília são atos contra bens públicos não envolvidos nas causas reclamadas, como seriam tanques e caveirões da arbitrariedade.

Diante disso, os governadores cedem ao medo de críticas eleitoralmente prejudiciais, e por isso não passam às suas polícias a orientação equilibrada e eficiente que lhes devem, em defesa da sociedade e do patrimônio público. E as polícias cedem ao medo das críticas e não buscam os limites adequados de ação eficiente e sem a desproporção que as condena.

A baderna violenta vence. Até onde irá, são hipóteses em aberto. O ataque ao Sírio-Libanês sugere algumas.

 

*Publicado na Folha de São Paulo

Compartilhe

2 ideias sobre “Tontos e acovardados

  1. leandro

    É muito estranho o comportamento das chamadas “massas populares”. Que a situação da saúde pública vai mal vai, como usuário do sistema sinto isso na pele, pois além de ter um pequeno plano de saúde há parte da área pública que sou compelido a utilizar o SUS em razão de medicamentos que necessito e que são de alto custo. Bom, ainda bem que para mim existe essa válvula, como para tantos outros. Claro que precisa melhorar, Que o sistema de transporte público está falido tecnicamente também é verdade. Que as instituições estão corroídos e descem vertiginosamente na ladeira de atos de corrupção, incompetência administrativa e de gestão, retóricas e mais retóricas dos pronunciamentos dos governantes, dos parlamentares é a tônica de hoje em dia.Claro que a segurança não existe, pois, todo dia vemos crimes bárbaros acontecerem e não há resultado eficaz contra os marginais quem assaltam, roubam e matem brasileiros. Então a população vem às ruas para protestar com razão e legitimidade, todavia esses protestos extrapolaram o limite da razão e até parece coisa orquestrada para que seja criado o caos e a quem favorece esse caos? A vítima que em princípio seria o governo, mas não é não, as vítimas somos nós que pagamos impostos, que não temos serviços públicos de qualidade etc etc.Mas todos esses movimentos chamados de populares não devia causar espanto nos governantes, principalmente aos do PT e de seus aliados, isso que está acontecendo de quebra quebra, vandalismo, guardada as devidas proporções de intenções, bem como de temporalidade é na realidade a escola passada que esses que hoje reclamam fizeram. Agora minha gente vamos protestar sim, vamos mudar sim esse estado de coisas, vamos mudar esse pessoal que está aí temporariamente no poder. Se nós nos lembrarmos o que essa turma afirmava anteriormente, era de que todos os males existentes eram resultados do período dos militares no poder. Agora os mesmos afirmam que isso é uma “herança maldita” do FHC e com a afirmação de palanques de vozes roucas inflamadas a ilusão popular aflora. Só para exemplificar e terminar lima cen que ficou gravada na minha memória, foi a das comemorações do Lula e do seu governo, com Carlos Nuzman, Ricardo Teixeira e outros nas épocas , de dois momentos, um da escolha do Brasil para sediar as Olimpíadas e outro para a Copa de 2014, As vibrações emocionais e politiqueiras rasteiras foram as bravatas de que esses dois eventos seriam a salvação do pais, com “investimentos”, sem aplicação de recursos públicos e o povo acreditou. Também as afirmativas na época de que o “pre sal” seria a solução para todos os problemas do pais, não teríamos que importar combustível e aí afora. Se nos lembrarmos de tudo isso é claro que revolta e a população vai às ruas protestar com razão na busca das soluções prometidas porém que nuca chegaram, O que precisamos ser inteligentes é não cair no conto do protesto e não deixarmos nos envolver com vândalos e oportunistas de movimentos políticos que se infiltram para cria o caos o que descaracteriza a legitimidade de qualquer movimento, com por exemplo esse fato de tentativa de invasão do Hospital Sirio Libanês ou de qualquer outro local aliado com o quebra quebra de diversos estabelecimentos. Um protesto que é inteligente at´um momento e está tirando o sono do governante é o do Rio de Janeiro, tirando as tentativas de invadir o palácioda Guanabara, mas encher o saco do Sergio Cabral é legal, pois ele junto com o antigo tucano e por conveniência hoje aliado ao PT, o Prefeito do Rio Eduardo Paes, foram dois daqueles que vibrarm com a indicação do grasil para a Copa e os jogos Olímpicos de 2016 e vejam só o que vem acontecendo no Rio de Janeiro com aplicação de recursos públicos.

  2. renato glottër

    O problema é que em um sociedade violenta o protesto pacífico passa em branco. A menos que saiam milhões e façam plantão.

Deixe uma resposta

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

Esse site utiliza o Akismet para reduzir spam. Aprenda como seus dados de comentários são processados.