8:26O penduricalhão da “Corte de Contas”

Os magnânimos do Tribunal de Contas do Paraná justificam o recebimento dos R$ 24 milhões extras com o argumento de sempre: direito adquirido baseado em decisões de tribunais superiores. Portanto, é a lei! Parabéns! Como a ninguenzada que paga essa conta só leva bofetada e não pode chiar, pelo menos pode perguntar, do alto da ignorância que a faz ser inferior aos senhores da Corte, se esta dinheirama ficou ali dando sopa quando o Ministério Público, através do Gaeco, implodiu no ano passado aquela licitação de R$ 38 milhões para a construção do prédio anexo – mutreta que resultou na prisão de um alto funcionário do Tribunal que estava com R$ 200 mil ao sair da empreiteira “vencedora”, e encrencou o então presidente, conselheiro Artagão de Mattos Leão, por coincidência o que encaminhou o recebimento do penduricalhão extra de agora e vai embolsar quase R$ 900 mil, segundo reportagem publicada na edição de hoje do jornal Gazeta do Povo, que pode ser lida abaixo. Expressionante!

Benefício dos anos 90 onera folha do TC em R$ 1 milhão

Valores deveriam ter sido pagos entre setembro de 1994 e dezembro de 1997 para equiparar a remuneração do Poder Judiciário com a do Poder Legislativo

  • Kelli Kadanus

O Tribunal de Contas (TC) do Paraná vai gastar R$ 24,4 milhões nos próximos anos com o pagamento de gratificações e indenizações retroativas à década de 1990. Somente nesse mês, 26 membros do TC receberam juntos R$ 1 milhão, referentes à Parcela Autônoma de Equivalência (PAE), benefício que garantiu isonomia salarial entre membros do Congresso Nacional e ministros do Supremo Tribunal Federal (STF).

A parcela deveria ter sido paga entre setembro de 1994 e dezembro de 1997 para equiparar a remuneração entre as duas partes. Uma decisão do STF determinou o pagamento em 2000, mas, de acordo com o TC, o pagamento começou a ser realizado apenas em dezembro do ano passado para os membros do tribunal.

Para definir o valor do pagamento, foram acrescentados juros e correções às parcelas, e alguns membros do TC vão receber mais de meio milhão de reais no total. Para quitar a dívida com os servidores, o TC vai pagar o benefício em parcelas de até R$ 50 mil.

Em nota, o Tribunal de Contas informou que os valores “respeitam um planejamento de despesa e não estão adstritos à periodicidade mensal”. Sendo assim, não há prazo para que as parcelas sejam quitadas.

O maior pagamento previsto é para um servidor aposentado, que, somadas todas as parcelas, vai receber R$ 814,9 mil. O ex-presidente do TC Artagão Mattos Leão vai receber no total R$ 776,4 mil referentes ao benefício.

Pagamento

O benefício é pago em folha complementar à parte do salário dos membros do Tribunal, que podem receber valores líquidos de até R$ 30,5 mil mensais, contando com o auxílio-moradia, de R$ 4,5 mil (veja no infográfico). O limite é estabelecido para que nenhum servidor receba acima do teto do funcionalismo.

Em nota, o TC esclareceu que o pagamento realizado em junho “deriva de um direito reconhecido pelo Conselho da Justiça Federal, desde 2008, à Magistratura Nacional (…), que, por equiparação, estende-se aos Membros dos Tribunais de Contas”.

O que é

A Parcela Autônoma de Equivalência é um direito que os magistrados de todo o país ganharam logo depois que deputados e senadores passaram a ter direito a auxílio-moradia no fim da década de 1980. Os juízes queriam e conseguiram equivalência com os parlamentares.

Na época, o benefício foi criado para equiparar a remuneração entre as duas partes. Porém, os valores referentes ao auxílio-moradia, pago somente a alguns deputados e senadores, não foram incluídos no cálculo destinado aos magistrados. Em 2000, no entanto, o STF reavaliou a situação e decidiu pagar a quantia correspondente ao auxílio. Com o argumento da isonomia funcional, logo o benefício foi estendido a outros setores da magistratura e do Ministério Público, em todo o país.

Folha suplementar não está no Portal da Transparência

Kelli Kadanus

A folha suplementar de junho de 2015, que determinou o pagamento de R$ 1 milhão em benefícios a 26 membros ativos e inativos do Tribunal de Contas do Paraná, não está disponível no Portal da Transparência do órgão.

Na área destinada ao acesso à informação também não é possível ter acesso à folha de pagamento mensal dos servidores.

O site permite apenas, após uma busca por nome completo, encontrar o valor bruto e o valor líquido recebido no mês de maio, sem especificar o que é referente à remuneração e o que é referente a benefícios, como o auxílio-moradia.

Série histórica

s valores recebidos em meses anteriores pelos servidores também não estão disponíveis no Portal da Transparência.

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3 ideias sobre “O penduricalhão da “Corte de Contas”

  1. Franco

    Quando se trata de encher os próprios bolsos, eles são rapidinhos e extremamente liberais na interpretação extensiva …Parabéns “Ministério Público” junto ao Tribunal de Faz de Contas, parabéns auditores concursados, parabéns conselheiros indicados por políticos. Parabéns gente proba e honesta. Desfrutem bem …

  2. Zangado

    Com razão, Franco.
    Vê-se que não precisam nem de recorrer ao Judiciário, ali pertinho. Já analisam (eu disse a-n-a-l-is-a-m) e se auto-remuneram. Nem o passado eles perdoam.
    Expressionante!

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