6:47Começou a batalha

de Bernardo Mello Franco

A gritaria que dominou o plenário da Câmara na noite desta terça-feira eliminou qualquer dúvida. Começou a batalha do impeachment, que promete incendiar o Congresso e pode produzir o mesmo efeito nas ruas do país.

O primeiro tiro foi disparado pela oposição oficial. em sintonia com o deputado Eduardo Cunha. Coube ao líder do DEM, Mendonça Filho, a tarefa de questioná-lo sobre o trâmite de um processo contra a presidente.

Os passos seguintes do roteiro são conhecidos. Alvo da Lava Jato, Cunha deve rejeitar os pedidos de impeachment para não aparecer como seu principal articulador. Em seguida, a oposição recorrerá contra a decisão. Se reunir maioria simples, a roda começará a girar contra Dilma.

A operação atingiu seu primeiro objetivo, porque o tema que assombra o Planalto passou a monopolizar o debate. Os deputados se inflamaram, dando início a uma troca de insultos que quase descambou para o confronto físico diante das câmeras.

O líder do governo, José Guimarães, deu o tom da reação petista. Acusou a oposição de golpismo e prometeu resistência popular. “Querem governar o Brasil? Ganhem a eleição”, disse. “Não venham com esse tipo de comportamento, que vocês receberão o troco nas ruas.”

“Golpe foi o que fez a presidente Dilma na eleição, mentindo reiteradamente”, respondeu Mendonça Filho. O deputado Jair Bolsonaro prometeu ir “até o final para cassar essa mulher”. Por pouco não saiu no tapa com Orlando Silva, do PC do B.

O clima está conflagrado em Brasília. Há mais berro do que diálogo, mais provocação do que argumento.

Com o pescoço de Dilma a prêmio, os deputados deixaram de lado um assunto mais urgente: a nova fase do ajuste fiscal. No dia seguinte à apresentação das propostas, a Câmara preferiu bater boca sobre o futuro do mandato da presidente. É uma forma de prorrogar a crise econômica e inviabilizar o pacote, que depende do Congresso para sair do papel.

*Publicado na Folha de S.Paulo

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Uma ideia sobre “Começou a batalha

  1. leandro

    O próprio governo deu munição para tais fatos ocorrerem. Primeiro com as mentiras da campanha, que falavam que tudo estava às mil maravilhas e que Brasil estava muito bem. Depois prometeram um pais ainda melhor do que existia na oportunidade. De um dia para outro após a eleição já começaram a acontecer fatos que colocavam em dúvida as afirmativas e promessas eleitorais feitas pela então candidata Dilma.
    No início do ano começou a confusão, com as atrapalhas governamentais tentando driblar a crise que era visível, quando os juros subiram, quando a inflação disparou e quando houve a descoberta de que o tal “superávit primário” e o orçamento de 2014 era mentira e não estava de acordo com a Lei de Responsabilidade Fiscal.
    Aliados esses problemas a situação da Operação Lava Jato e sem respostas o governo começou a perder espaço para o Congresso, e a popularidade da Presidente despencou a 8% , ou seja, nada.
    A base aliada foi se esfacelando e o governo perdeu a força quer tinha na casa legislativa.
    Desta feita foi o próprio governo que deu combustível para que houvesse toda essa manifestação de oposição , de desejos de mudanças, mesmo do ” impeachement” da presidente.
    Não sei se isso resolveria a situação do país, pois ocorrendo, o vice assumiria, se for também envolvido no processo de gastos eleitorais irregulares, outro cenário mais sombrio se avizinha com uma nova eleição.
    Tudo isso é questão de hipóteses para uns, descartes para outros desejos de muitos e achismo , tanto de quem assi,m deseja como daqueles que falam em “golpe”, para esses lembro que golpe deram na população quando enganaram antes da eleição, golpe deram no país com a corrupção na Petrobrás, então há que ter cautela quem fala de golpe.
    Mas a situação não se estabilizou, agora pretendem executar um ajuste fiscal que perde para o do Color somente quanto o confisco de valores e da caderneta de poupança, ainda.
    As trapalhadas continuam dando combustível a oposição e alimentam um sentimento de raiva na população, até para os tais movimentos até hoje leais ao PT, por exemplo: A ressuscitação da CPMF, com outro nome, com outro fim mesmo que se diga de dividir com os estados, o fato que a coisa é a mesma , “meter a mão no bolso do povo” e pior ainda são as declaração conflitantes dos mentores desse processo, como os ministros Levy e Barbosa meio que estão assustados ao participarem de entrevistas, o Joaquim Levy tem sido de uma inabilidade a toda prova, se não vejamos, diz ele que não devemos ter “uma miopia” sobre o assunto do ajuste, mas me parece que ele que é tem miopia ao por repetidas vezes ter afirmado que a CPMF é um imposto “pequeninho”.
    Para agravar tudo isso e o governo não continuar botando os pés pelas mãos, ainda temo as declarações da Presidente que fala um português gregoriano de difícil entendimento , atrapalhado, misturando os assuntos.
    Como sugestão: Falem a verdade e digam mesmo que o “pepino é grosso”. Admitam que erraram já no ano passado. Chamem o Mantega para explicar que o que ele falava não era correto. Deixem a Dilma somente falar através de matérias simples e com telepronter ou utilizem um imitador de voz e ela só dubla. Depois de tudo isso quem sabe a cabem com esse papo e possa o país entrar nos eixos

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