De Rogerio Distefano, cada vez mais afiado e demolidor, no Maxblog (www.maxblog.com.br):
De novidade só a falta de gravata na entrevista de Nelson Justus à Gazeta do Povo. Sobre os fantasmas da assembleia legislativa o presidente disse lhufas. Mas a falta de gravata, gente, isso diz muito. Nelson consultou semiólogos para a foto. Quer mostrar empenho e preocupação com o caso Bibinho. Não convence: tem o cabelo no lugar, portanto não coçou a cabeça, como fazem pessoas preocupadas; está com a barba feita, quando gente estressada fica dois dias sem se barbear; sequer tirou o paletó – quem faz faxina de paletó?; e a camisa, ora, está ali, limpa e cheirosa como a alma de Nelson Justus. Nelson foi batizado de gravata, que é isso de tirar agora, pela primeira vez?
Trocar os lençois ou limpar a zona
Corta essa de fazer Bibinho a Geni do momento, ó Gazeta do Povo. Pode jogar merda nele, que santo não é. Mas e os outros? Não falo dos fantasmas, porque não acredito em fantasmas, ainda que existam. Fritar só o Bibinho é queima de arquivo, matar o cúmplice que sabe demais.
Cuidado com Roberto Requião, que pode ser razão apenas uma vez, e justo quando finalmente vai embora: “A reportagem da Gazeta é boa, mas é de ocasião”. Dou o desconto disso de Requião falar suave sem tomar remédio. Aí tem fiapo de rabo, aquela história da empregada com salário da assembleia.
Se a Gazeta empaca na malhação de Bibinho e seus fantasmas parece moralismo de ocasião, igual ao do Papa, que aposenta os bispos tarados, mas deixa que continuem bebendo vinho de missa e comendo hóstia, longe dos coroinhas, perdidos e malpagos. Presidentes, deputados da mesa, deputados do plenário, deputados do saguão e deputados de caminhonete se serviram, fartaram ou fizeram convenientes ouvidos moucos nas estripulias de Bibinho.
Se a Gazeta veio para passar o Paraná a limpo, seja benvinda. Mas nada disso de trocar os lençois e deixar a zona funcionando. Se estacionar em Bibinho, continua a suspeita de fibrilação das elites: altera a freqüência das batidas mas o coração continua funcionando.
O maitre do Abib’s
“Bibinho não volta”, diz o deputado Nelson Justus à Gazeta do Povo. Nelson, não custa lembrar, é presidente reeleito e Bibinho é Abib Miguel, diretor-geral perpétuo da casa. Bibinho pediu afastamento por obras e artes da reportagem do jornal sobre obras e artes do diretor na nomeação de funcionários fantasmas.
Só no Brasil de Sarney e Nelson vai pra rua o empregado que faz aquilo que o patrão manda – ou e finge que não manda – e o patrão continua, faceiro, maneiro, sem um fio do cabelo fora do lugar. A coisa anda para transformar os presidentes da assembleia em maitres do Abib’s: tomavam o pedido da esfiha e só repassavam à cozinha. Depois era problema do cozinheiro.
Abib’s
Assembleia legislativa? Não, Abib’s.
No joanete de Romanelli
Estou com a pulga atrás da orelha. Aquela senhora, empregada na família Requião, a senhora chamada pelo imposto de renda, que recebia na assembleia e não sabia que era funcionária da assembleia, lembram? A senhora que se queixou que nunca viu a cor, o cheiro e o gosto do salário da assembleia. Deu bafafá no tempo de Roberto Requião senador, que atirou no que não viu e acertou no irmão e no deputado Luiz Cláudio Romanelli.
Vai e volta, futuca na cabeça: a senhora, empregada na família Requião, que ganhava da assembleia mas não gozava, aquela senhora foi um dos fantasmas de Abib Miguel? Só para avisar o governador Roberto Requião, que engrenou o twitter giratório – e acaba acertando no pé dele e no joanete de Luiz Cláudio Romanelli. Naquela época Requião até pediu que o ministério público entrasse na parada. Pediu, assim meio mole, sin tesón, como diria Hugo Chávez.
Não esquenta, Abib
Não esquenta, Abib Miguel. Fica firme. Agaciel Maia, que fez no atacado o que você faz no varejo, foi apenas suspenso, garantiu seu emprego no Senado e os empregos dos 600 fantasmas. Mantenha alto o moral e passe a lista de contribuições aos fantasmas, afinal você precisa pagar advogado. Puxe da gaveta e mostre os cheques pré, que você nunca descontou, porque não era para descontar mesmo. Os caras que deram os cheques, reeleitos ou não, talvez tenham esquecido. É hora de refrescar a memória desse povo.