15:30Requião acusa Pimentel de ter descumprido ordem de retirar dinheiro investido no Banco Santos

Da Agência Estadual de Notícias:

Investigação indica que ex-presidente da Copel descumpriu ordem e deu prejuízo a funcionários

Investigação da Secretaria Especial da Corregedoria e Ouvidoria-Geral do Estado indica que o ex-presidente da Copel, Paulo Pimentel, descumpriu determinação do governador Roberto Requião para retirar R$ 166 milhões que o fundo de pensão dos funcionários da estatal havia investido no Banco Santos. A falência do banco, semanas depois, causou prejuízo de R$ 36 milhões à Fundação Copel.

“Tive a informação que o Banco Santos estava em situação difícil. No mercado financeiro, era certo que ele quebraria. Assim, chamei a direção da Copel para uma reunião e, como representante do acionista majoritário, determinei a retirada de todos os recursos investidos pela Fundação, no Banco Santos”, afirmou Requião, nesta terça-feira (24), durante a reunião semanal da Escola de Governo. “Mas minha determinação não foi cumprida. Houve contraordem, da qual não tive conhecimento, de Paulo Pimentel, então presidente da Copel.”

“O dinheiro foi mantido no Banco Santos até depois da quebra. Por pouco não se perdeu tudo. A Fundação conseguiu retirar os recursos aplicados em fundos de investimentos, com auxílio do Banco Central. Mas os R$ 36 milhões que estavam em Certificados de Depósitos Bancários (CDB) se perderam”, explicou o delegado da Polícia Federal José Francisco de Castilho Neto, assessor especial da Corregedoria e Ouvidoria-Geral do Estado e autor das investigações.

CORRESPONDÊNCIA – Castilho apresentou emails trocados entre diretores da Copel, em 2004, que deixam claro que havia conhecimento da determinação do governador para resgatar o dinheiro aplicado no Banco Santos. “Em email datado de 23 de setembro, de forma bastante incisiva, dirigido ao senhor Murilo Batista Júnior (então presidente da Fundação Copel), e assinado por Paulo Cruz Pimentel, deixa clara a contraordem de manter os investimentos no Banco Santos”, informou o delegado.

“A orientação a ser seguida nos casos abaixo relacionados é a seguinte: Banco Santos — CDBs: Manter aplicações (…). Fundos de Renda Fixa: (…) não substituir”, escreveu Pimentel em 23 de setembro. Mas, em email enviado em 30 de agosto, o então diretor-financeiro da Copel, Ronald Ravedutti, informa: “De acordo com orientações do acionista controlador da Copel, proceder a retirada dos valores aplicados no Banco Santos. Explicações (fornecidas por email) estarão sendo entregues também ao senhor Paulo Pimentel”.

O email de Ravedutti também que recursos da Fundação Copel sejam retirados do Banco Panamericano, de propriedade do empresário Sílvio Santos, dono da rede de televisão SBT. Pimentel, à época, era dono de emissoras afiliadas à rede de Sílvio Santos.

“O presidente da Fundação Copel declarou que só cumpriria a determinação do governador se comandado pelo presidente da companhia, Paulo Pimentel. E a orientação do presidente da Copel não seguiu o que o governador havia determinado. Disso adveio o prejuízo que teve a Fundação”, explicou o então diretor de Gestão Corporativa da Copel, Gilberto Griebler, em depoimento em vídeo apresentado durante a reunião da Escola de Governo.

“Uma ordem direta do governador não foi cumprida. Estamos apurando as causas, para saber se houve dolo ou falha de comunicação. Mas, pelo que já conseguimos descobrir, não há indícios de que tal falha tenha ocorrido. Fica a questão — por que os funcionários da Copel sofreram um prejuízo de R$ 36 milhões?”, questionou Castilho.

“Se comprovarmos que houve dolo, o inquérito administrativo irá gerar uma notícia-crime, que será entregue ao Ministério Público Federal, onde o caso deverá ser apurado no âmbito criminal”, informou o delegado.

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