Do filósofo das Mercês:
Carta aberta ao governador Roberto Requião
Caro governador. Durante quase quinze anos, seu Aírton sustentou a família trabalhando dia e noite numa pequena lanchonete em frente ao 8º distrito, no bairro do Portão, em Curtiba. Evangélico e pai de quatro filhos, Índio, como era conhecido pela descendência, acabou trocando de profissão por causa do medo das fugas e das tomadas de presos. Para acompanhar o crescimento dos filhos e netos, trocou o balcão até altas horas pela tranquilidade do carrinho de caldo de cana. Pois bem, governador. Na sexta-feira, o filho do meio de Aírton, Marcelo de Matos, também evangélico, saiu de casa para receber o pagamento e pagar a conta de um fogão que havia comprado em prestações para a mãe, dona Lurdes, nas casas Bahia, no centro de Curitiba. Foi encontrado assassinado com dois tiros na cabeça, em Piraquara. E sem carteira, com pouco mais de quinhentos reais. O corpo ficou o final de semana todo no IML, mesmo a família tendo reconhecido o rapaz. Isso porque não conseguiram documentos para provar que se tratava dele. Segundo o IML, o drama da família só deve terminar no final desta segunda, quando finalmente Marcelo deve ser liberado para ser sepultado e todos poderão, enfim, descansar. A partir daí, um prato a menos na mesa, um nome a mais na oração.
Governador Roberto Requião. Eis um resumo de como foi o Dia os Pais de seu Aírton, um evangélico trabalhador e morador de Campo Magro. Diante disso, o senhor realmente consegue acreditar que não há nehuma problema com a segurança pública em nosso Estado?