Deu sono. Ficou “pescando” no sofá velho. Ao acordar viu que a televisão tinha sumido. Na parede em frente, contudo, cinema transcendental. Era tudo verdade. Deu um jeito de se aprumar. Ajeitou a cueca samba-canção cansada de guerra. Alguém apareceu do nada no apê minúsculo. Perguntou se ia querer pizza. Não abriu a boca para falar. A mulher, bem mais nova, perguntou se não seria mais fácil descer dois andares e comer uma brotinho. Ele sentiu uma pontada no joelho. Não, não ia sair dali. Mostrou a cicatriz da cirurgia. Lembrou da história da guerra do Vietnã. Riu. Estilhaço da bomba que arrancou parte da perna do repórter brasileiro. Queria fazer outra cirurgia. No coracebo, como gostava de inventar. Pontes, pontes, pontes. Para ficar preso nelas – cabeceiras destruídas. Mas… o que estava fazendo aquela outra pessoa ali, cujo rosto não via. Pelo sinal da santa cruz, pensou. Aí, “pescou” de novo. Escutou um gemido. Filme pornô. Olhou o relógio. Era a hora. Escovou os dentes. Foi para cama. Para tenar o sonho impossível.