Rogério Distéfano
O CARNAVAL PAULISTANO terá Curitiba como tema em 2017. Representantes da escola de samba estiveram por aqui nesta semana, como destaca a Gazeta do Povo com foto de primeira página. O que teria levado a escola paulistana a decidir por Curitiba? Não há assunto ou inspiração suficientes em São Paulo? Claro que há. Esqueçamos, portanto, este ponto de interrogação. Mas fica a dúvida: por que Curitiba?
Não consigo atinar a explicação. Dinheiro, patrocínio, definitivamente não pode ser. Os empresários locais são empedernidos mãos-de-vaca, só gastam para promover seus negócios; e carnaval sobre Curitiba não traz dinheiro. Dinheiro da prefeitura também não pode ser. Não porque a prefeitura esteja dura, mas dinheiro sempre se arranja – chama-se déficit. A menos que voltemos ao tempo dos prefeitos que se promoviam com dinheiro público.
Digamos então que o carnaval paulistano sobre Curitiba é como a explicação do físico Stephen Hawking sobre o universo: não tem explicação, não adianta especular; existe porque existe e pronto. Podemos, no entanto, trabalhar pelas beiradas, como no mingau quente. Qual o tema? Fácil, temos opções: Jaime Lerner, as capivaras do Barigui, as barangas do Passeio Público. Ah, sim, ‘o mistério da Casa Klemtz’. Assunto não falta.
Mas que não se aventurem a montar samba-enredo para as alegorias de Curitiba no carnaval paulistano. Curitiba não dá samba, não inspira samba. Alguém conhece a sambologia curitibana? Tirando o saudoso Palminor Oliveira, na vida artística Lápis, ninguém mais – nem o filho dele, músico também, que cantou e sumiu como Grafite. Curitiba não dá samba. Mas dá bolero, dos bem safados e sacanas. A escola podia pensar nisso.
E o Dr. Moro com a República de Curitiba? Dá Samba? Aí seria o fim, avacalhação bem intencionada.