por Ticiana Vasconcelos Silva
Ela caminha com confiança intrépida e observa as nuances das paragens que passam como se não a detivessem.
A dor sempre foi seu refúgio, sua ligação direta com Deus.
O Universo sempre indicou a direção, mas ela escolheu ser livre.
Passo a passo, caminha até a última estação de onde partem os trens para o infinito.
Sim. Ela olha para trás e honra cada olhar, cada toque, cada inspiração e exalação, cada gota de silêncio que a preencheu.
Em sua memória ressoam as imagens caleidoscópicas dos invernos, verões, primaveras e outonos, sua estação preferida. A dos verdadeiros poetas.
Sua pele é a marca do destino que não se cumpriu e de seus questionamentos sem respostas.
“Mas para quê tanta profundidade?” Para abrir no peito a cicatriz que a aprisionou na ilusão.
Dentro dela moram os anjos e os demônios que a tornam volátil à vida. Dentro dela moram os sussuros dos mudos.
Ela vai e finalmente coloca o ponto final. O próximo capítulo é apenas o espectro de sua consciência, alinhada a seus ancestrais, a quem ela ouve e segue.
Ela não hesita. Para, sorri e diz adeus.