por Zé da Silva
Escorpião
Abriu o livro e leu Vinicius de Moraes. O poeta escrevendo uma composição infantil. Que coisa mais linda, pensou. Vinicius dizendo que gosta de ver bangue, bangue e filme de capa e espada na televisão. E descrevendo tudo na forma mais simples, como a gente vê e fica caramiolando a opção sexual dos personagens. Não. Era o caminhar frente a frente, o tiro saindo ou a espada perfurando depois de um tempinho que nunca enchia o saco. Então ele quis escrever igual, mas não conseguiu. Porque a cabeça dele estava entupida de filmes de cinematecas e doideiras como as do Glauber no fim da vida. Cabeças Cortadas. Corta! Ele releu. Ficou feliz por ter achado o texto. Então foi dormir. Ligou a tv. Deu de cara com a cara de Lee Van Cleef no papel de Sabata.