Cantor Miltinho, autor de ‘Mulher de 30’, morre no Rio
Segundo filha do intérprete, ele foi vítima de uma parada cardíaca. Intérprete já gravou com Chico Buarque, Elza Soares e Zeca Pagodinho.
Morreu neste domingo (7) no Rio, aos 86 anos, o cantor Milton Santos de Almeida, conhecido como Miltinho, autor de canções como “Mulher de 30”, sucesso na década 1960. Segundo uma de suas filhas, Sandra Vergara, o sambista foi vítima de uma parada cardíaca no Hospital do Amparo, no Rio Comprido, Zona Norte do Rio, onde estava internado havia dois meses em tratamento de um problema pulmonar.
Com a música “Mulher de 30”, Miltinho ganhou dinheiro e o reconhecimento do público. Recebeu vários prêmios, participou dos principais programas de televisão da época.
O sambista também animou carnavais com marchinhas como “Nós os carecas”. No aniversário de 70 anos, em 1998, lançou o CD “Miltinho Convida”, com elenco de alguns de seus aprendizes confessos, como João Nogueira, João Bosco, Luiz Melodia, Chico Buarque, entre outros. Já gravou também com Zeca Pagodinho, Elza Soares, Martinho da Vila, Ed Motta, Mariana Baltar, entre outros. Como intérprete, lançou João Nogueira e Luiz Ayrão.
‘Rei do Ritmo’ “Mulata assanhada”, “Palhaçada”, “O conde”, “Laranja madura”, “Volta” e “Menino moça” são outros de seus sucessos, que lhe renderam o apelido de “Rei do Ritmo”. “A vida, a meu ver, como ritmista, é um ritmo. Você tem ritmo para andar, para pega. Se bobear, tropeça e cai”, disse o cantor em entrevista para o documentário “No tempo do Miltinho” (2008), de André Weller. “Eu não sou astro de coisa nenhuma. Sou apenas um mero cantor de samba. O que me honra muito”, definiu-se.
Também no filme, vencerdor do prêmio de melhor curta brasileiro no festival É Tudo Verdade de 2009, Elza Soares, uma de suas parceiras, elogia: “A divisão de Miltinho, acho que ele tem ritmo até na ponta da orelha (…) Para mim, ele é único.”
De acordo com a filha de Miltinho, ele havia parado de fazer shows há quatro anos, desde quando foi diagnosticado com princípio do mal de Alzheimer.
“Hoje, no horário de visita, a médica nos chamou para dizer que ele tinha falecido por volta das 16h. A gente nem está tendo cabeça para avisar aos amigos e parentes. Por mais preparado que a gente acha que vai estar, a gente nunca está de fato preparado”, disse ao G1 Sandra, muito abalada.
Na minha memória, essa é a música que eu associo ao Miltinho:
Hino do Sesquicentenário da Independência
Marco extraordinário
Sesquicentenário da independência
Potência de amor e paz
Esse Brasil faz coisas
Que ninguém imagina que faz
É Dom Pedro I
É Dom Pedro do Grito
Esse grito de glória
Que a cor da história à vitória nos traz
Na mistura das raças
Na esperança que uniu
No imenso continente nossa gente, Brasil
Sesquicentenário
E vamos mais e mais
Na festa, do amor e da paz
(Bis)
De minha parte, prefiro esta do velho Haroldo Barbosa: “Meu nome é ninguém”:
Foi assim… a lampada apagou
A vista estremeceu e um beijo então se deu
E veio a ânsia louca, incontida do amor
E depois daquele beijo então
Foi tanto querer bem que alguém dizendo a alguém
Meu bem, só meu, meu bem
Meu bem, só meu, meu bem
E que nosso céu onde estrelas cantavam
De repente ficou mudo
Foi se o encanto de tudo
Quem sou eu
Quem é você, quem é você
Foi assim
E só deus sabe quem
Deixou de querer bem
Não somos mais alguém
O meu nome é ninguém
E o seu nome também
Também ninguém
Saudade, grande Miltinho!