O Cavaleiro Fantasma e Richard “Dick” Ayers
por Célio Heitor Guimarães
Apenas para registro, já que só os velhos leitores de gibis serão capazes de lembrar-se dele. Mas Richard “Dick” Ayers foi um dos bambas do pincel e da pena no mundo dos quadrinhos norte-americanos, especialmente na chamada Era de Prata.
Eu era fã de Ayers não apenas pelo traço personalíssimo e elegante de seus desenhos (ele fora discípulo de Burne Hogarth), mas também por haver criado um dos personagens mais intrigantes e misteriosos dos gibis de meados do século passado: o Cavaleiro Fantasma, um justiceiro do Velho Oeste todo paramentado de branco, sem rosto, que cavalgava um belo corcel denominado Vento da Noite. As aventuras tinham uma boa pitada de sobrenatural misturada ao faroeste. No original, o herói chamava-se “Ghost Rider” e fora criado por Ayers e pelo roteirista Ray Krank, em 1949, para a revista Magazine Enterprises. Em 1967, o personagem foi retomado pela Marvel, sendo rebatizado de Night Rides (que não foi bem aceito pelo público, já que esse era o apelido dado aos membros da Ku Klux Klan) e, finalmente, Phantom Rider, em razão da criação, pela mesma editora, de outro “Ghost Rider”, no Brasil chamado de Motoqueiro Fantasma.
Aqui houve ainda uma outra revista intitulada “Cavaleiro Fantasma”, publicada pela Rio Gráfica Editora (precursora da Editora Globo), com um herói mascarado, procedente, ao que parece, da Austrália e originalmente chamado de “Phantom Ranger”. Demorou algum tempo em cartaz, mas não tinha o mesmo charme do mocinho de Ayers.
No final dos anos 50 e no correr dos anos 60, Dick Ayers especializou-se na ilustração de gibis de terror, participando de alguns dos mais populares títulos da época. Depois, tornou-se arte-finalista de Jack Kirby no Quarteto Fantástico e foi o principal desenhista da série Sargento Fury, ambos da Marvel. Na década de 80, esteve na Archie Comics e em 2007 entrou para o Will Eisner Comic Book Hall of Fame.
Dick Ayers, nascido em Ossining, Estado de Nova York, nos EUA, completou 90 anos no dia 28 de abril. Sofria do mal de Parkinson e vinha enfrentando várias complicações decorrentes da doença. Faleceu seis dias depois, em 4 de maio.