Do correspondente na Tríplice Fronteira:
Ontem, a mais longa ditadura da América Latina, do general Alfredo Stroessner no Paraguai, completou 25 anos do seu fim. A lembrança serviu de motivo para um discurso do presidente do Congresso, Julio César Velázquez, que admitiu
o óbvio: o Partido Colorado foi a principal sustentação política da ditadura. E foi só.
A população mais velha do país ainda tem na memória o reinado de Stroessner (de 1954 a 1989), quando a mão de ferro encobria as maracutaias da corrupção vigente, principalmente entre os milicos. Algo que ocorre em Cuba, com a diferença de que na ilha são os milicos esquerdistas que fazem os bons negócios e no Paraguai stroessnista eram os milicos de direita.
De lá para cá a confusão política reinou no nosso vizinho e os negócios escusos seguiram o curso de quem se instalou no Palácio Solano Lopez, sede do governo, em Assunção.
Até que o bolivariano e ex-bispo católico Fernando Lugo – o Dom Juan de muitas mulheres e filhos, assumiu e começou a ser detonado tão logo se instalou. Afinal, derrotara o Partido Colorado e o “sistema” e ainda por cima se jogou nos braços de Hugo Chavez e Cia. Acendeu o pavio que explodiria em junho de 2012, quando foi derrubado pelo Congresso em 24 horas.
O governo brasileiro, argentino e venezuelano correram a Assunção para tentar manter o bolivariano no poder. Não conseguiram. O vice Frederico Franco assumiu e em troca Dilma, Cristina Kirchner e Hugo Chávez deram um pontapé na bunda paraguaia do Mercosul.
Em abril passado, por eleições, Horácio Cartes assumiu a presidência.
Agora, no início deste ano, foi anunciado o crescimento do PIB paraguaio: 14% contra nosso mísero pibinho – que vai ficar em 2%. Por que? Porque Horácio correu pro abraço dos americanos, saiu em disparada para a FIESP oferecendo energia e mão de obra barata para atrair investimentos e abriu o mercado. Esnobou solenemente o Mercosul, que afunda as Argentinas, Bolívias e Venezuelas – situação que só dona Dilma teimosa teima em não ver.
Levantam-se suspeitas de que o presidente Horácio ficou milionário com o contrabando de cigarros. Mas a verdade é que mesmo liderando um país sem mar, ele só joga em direção ao Pacífico onde chilenos, peruano e colombianos negociam com liberdade seus negócios com americanos e europeus. Nós temos de pedir licença para a Cristina Kirchner. Ela faz beição e nós brasileiros dançamos o tango desafinado.
Que coisa hein, em um quarto de século o Paraguai passou de patinho feio para a condição de cisne. E nós em companhias tão categorizadas, estamos ficando a cada dia que passa com cara de patinho feio. Excetuados os paraguaios, parece que todos os membros do bloco parecem que sofrem do mesmo mal, teimosia em excesso.