18:42ZÉ DA SILVA

chuto e esmurro o vazio para sempre cair de cara no chão. machuco a alma e o coração e tenho de achar um motivo para levantar. faço graça. acho graça. me convenço de que me furar durante muito tempo não era mesmo a saída. mais fácil seria o tiro no céu da boca, mesmo sem ter deixado obra alguma, como hemingway. existe o negativo de mimado? penso assim porque levei na cara enquanto esmurrava a minha sombra. meu fantasma? uma mão de dedos longos. outra de pele macia. um único carinho na cabeça grande seria o suficiente. não teve. não há registro de beijo. então procuro na ladeira. cambalhotas me fazem seguir. algumas mãos se estendem. acredito nelas? será que precisam das minhas? deixo marcas no trajeto. algumas penso que são boas. mas se não sei direito de mim, como saber do meu rastro? não há ódio. às vezes não há nada. só um vazio imenso onde tento acertar – e me sinto derrotado.

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