20:48ZÉ DA SILVA

Porque estou com esse nó no peito e fora do eixo, sem saber o que fazer, fui na estante dos cds e puxei um, aleatoriamente. Enfiei no buraco da torre do computador e o que me invadiu foi como uma revelação. Carmem Miranda cantou e ouvi também a voz de Adriana Calcanhoto. O bamba Assis Valente criou e jogou para o mundo uma obra prima chamada “E o mundo não se acabou”. E porque isso veio aliviar temporariamente minha dor? Porque se no resto do planeta houve um adiamento, aqui no Brasil aconteceu o beijo na boca e de língua com o diabo – e ele fez o serviço. Enquanto todos dormiam, fechou o país para as coisas normais, para a aquarela, garota de Ipanema, forró, bumba meu boi, gol de letra, taboada decorada, Darcy Ribeiro espalhando energia, e reabriu com o que está aí, seres do mal tomando conta dos cada vez mais inertes. Acabou! Mas parece que não acabou. Estou assim, acabado, mas aparentemente funcionando. Agora ouço Carmem com voz pastosa. As boletas a mataram e o assassino era um trampa americano. Salve-se quem puder.

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