9:06Renascimento do Centro

Da Folha de São Paulo, em reportagem de Estelita Hass Carazzai

 

Centro de Curitiba renasce com ajuda de incentivos

 

Nenhum bairro de Curitiba teve mais imóveis residenciais construídos nos últimos quatro anos do que o centro.

Ainda que eminentemente comercial, a região venceu bairros “vedetes” do mercado imobiliário, impulsionada por ações de revitalização, e se recuperou de uma “sangria habitacional” diagnosticada anos antes.

“Estava totalmente abandonado. Tinha ruas que eram pura ruína, um horror”, diz a comerciante Edeluz Ribas Alves, 66, moradora do centro desde que nasceu.

Em 2000, a prefeitura lançou leis para estimular as construtoras a erguerem imóveis no bairro. Prédios residenciais, por exemplo, podem ter área extra (além do permitido pelo zoneamento) construída equivalente ao tamanho do terreno.

Cinco anos depois, veio o grande impulso: a revitalização de praças e ruas da região em parceria com a Associação Comercial do Paraná.

A prefeitura instalou iluminação potente, refez calçadas e ofereceu descontos de IPTU e ISS para quem reformasse imóveis ou se instalasse em determinadas regiões.

Os comerciantes aderiram e renovaram suas fachadas. As construtoras, então, se animaram. “O plano foi atacar as ruas esquecidas”, diz o presidente do Ippuc (Instituto de Pesquisa e Planejamento Urbano de Curitiba), Sérgio Pires.

Em dez anos, a população do bairro cresceu 14%. Antes, caía a uma taxa média de 2,5% ao ano.

Desde 2010, os lançamentos na região triplicaram, de 200 para 600 unidades por ano. Hoje, há pelo menos dez prédios residenciais em construção no centro –algo “impensável” cinco anos atrás, segundo incorporadores.

“As pessoas nos olhavam e perguntavam: ‘Têm certeza?'”, conta o presidente da construtora Thá, Arsenio de Almeida Neto, sobre empreendimentos residenciais lançados no centro.

DEMANDA

As incorporadoras dizem sentir uma “demanda latente” entre os compradores.

“O centro tem infraestrutura, mobilidade, está mais próximo do trabalho”, diz o consultor Marcos Kahtalian, do Sinduscon-PR.

“A principal vantagem é a localização”, diz a estudante Dayana Bajerski, 22, que se mudou para o centro há três meses com o noivo, Alessandro Elias, 32. “A região é um centro cultural. Tem teatro, bares, restaurantes.”

Mas, mesmo reconhecendo os avanços, os moradores ainda se queixam da falta de segurança e das “ruas proibidas” à noite. “Não adianta revitalizar algumas ruas e abandonar outras”, reclama o comerciante Mário Daher, 64.

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Uma ideia sobre “Renascimento do Centro

  1. Parreiras Rodrigues

    Fico triste quando vejo o edifício da esquina da Monsenhor Celso com a XV. Deserto, pichado, pessoas dormindo em sua calçada. Foi sede do Banco Comercial do Paraná, presidido pelo ex-senador Adolfo de Oliveira Franco. Tinha Raphael Papa e Lemanski na boléia e com as chaves dos cofres. Difícil não se encabular. Trabalhei ali, em 63, quarto andar, contabilidade geral. O momento de glória era a entrada na enorme sala, da secretária de Raul Ricci. Todas as olivettis se calavam. O expediente começava depois que ela entrava no gabinete dele.

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