21:32Quem precisa de provas?

por Enio Verri*

Não é lá uma grande novidade noticiar que a Lava Jato continua o seu trabalho. A cada capítulo, revela-se mais a quem serve. A última pirotecnia de alguns membros do Ministério Público Federal (MPF) foi convocar uma coletiva, em um hotel de Curitiba, com o dinheiro público, para anunciar que, depois de mais de dois anos de investigações minuciosas, em que se devassou a vida da família do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, o órgão federal não tem uma única prova para acusá-lo de conduta criminosa, mas tem convicção de ele seja o mentor de uma organização criminosa.

Para provar que a defesa de Lula sempre teve razão, os intocáveis e incensados do MPF utilizaram de uma metodologia que se tornou uma gigantesca e rápida avalanche de piadas na internet. O MPF disse ao mundo que aceita, em processo de Direito Penal, por determinação da força tarefa da Lava Jato, convicções no lugar de provas. Ou seja, todo e qualquer cidadão brasileiro pode ser acusado sem provas. Para uma equipe que contribuiu para cassar a Constituição Federal de 1988, romper com um dos códigos infraconstitucionais, é uma oportunidade de show, como foi o caso.

A patacoada com erário serviu também para deixar ainda mais clara e inconteste a participação de parte da imprensa no golpe, que se presta a “novo cão de guarda”. O editorial do jornal “A Gazeta do Povo”, bem menor que a peça de acusação do MPF, contém seis parágrafos que demonstram exatamente a apresentação dos procuradores, a absoluta falta de provas, que possam justificar tamanho ódio. Apenas suposições, como: “teria recebido”.

Sem uma demonstração, o jornal repetiu ipsis litteris as elucubrações do MPF: “sem o poder de decisão de Lula, nada seria possível”, “verdadeiro maestro”, “comandante máximo”. Chega a exaltar a expressão “propinocracia”, atribuída ao governo Lula pelo procurador Deltan Dellagnol, pago com o dinheiro público e que colocou em xeque as credibilidades da Lava Jato e do MPF.

O jornal apresenta Lula como um troféu de “valor simbólico”, presente na “enxurrada de elementos apresentados”. A Gazeta pode não saber, mas deve haver pelo menos um leitor interessado em saber qual elemento de prova foi apresentado pelos procuradores. Segundo o show do MPF, sem questionamento do jornal, o “comandante máximo” de dois esquemas bilionários lucrou R$ 3,7 milhões em um apartamento mobiliado. 

Depois de apresentar, reiteradamente, todas as provas de que não é dono do apartamento no Guarujá e nem do sítio em Atibaia, Lula é desconsiderado pelas instituições MPF e Polícia Federal como cidadão de direitos. Lula nunca se negou a depor, todas as vezes em que foi convocado. Quão injustiçado se sentira qualquer cidadão que prova sua inocência, mas é desconsiderado pelos poderes que o coagem e o obrigam a viver em eterna investigação?

A que e a quem serve o discurso de parte de agentes públicos, destilado pelo editorial da Gazeta? Não sei, mas, insuflar o ódio, ao invés do senso crítico (por meio da argumentação racional, com dados técnicos e jurídicos) não contribui para credibilidade do veículo e da imprensa, como um todo; nem para a politização da sociedade, além de ofender a inteligência e o senso crítico dos leitores da Gazeta. A não ser, é claro, que esse seja justamente o propósito. Quanto a isso, não tenho provas e prefiro não ter essa convicção.

* É deputado federal e presidente do Diretório do Partido dos Trabalhadores no Paraná.

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5 ideias sobre “Quem precisa de provas?

  1. Deonilson

    Esse imbecil de se fosse honesto com ele mesmo deveria se perguntar quem fez antes o discurso do ódio do “nós contra eles”.

  2. Enio o Aposentado da Politica

    Tal qual a Velhinha de Taubaté e como sempre uma mulher que acredita no companheiro governante, o deputado sessentão da região de Sarandi, repete o carma e mantra: Lula lá.
    A estrela vai brilhar no xadrez ao lado do amigo de Enio, o sessentão de Sarandi, nosso chegado André Vargas, o Bocão de Lerroville.
    É o Boutiqueiro de Cruzeiro do Oeste, que vai recepciona-lhos para o Buraco petista – Zé Dirceu.
    Enio o Bufão de Sarandi não defende mais Eduardo Gaievski, o Estuprador Pedófilo de Realeza, né, tampouco escreve elegias sobre a inocência do Pixuleco Bernardão, o desviador de fundos de aposentados dos Correios e demais consignadas companheiros e que foi seu chefe no Ministério de Planejamento.
    O Conde de Paiçandu, o Emérito de Iguaraçu, o Falcao das Letras de Atalaia, o Improvisador de Uniflor, o Calculador Folclórico de Ângulo, o Farol Matemático de Itambé, o Visconde de Ivailândia, o Comendador de Paraíso do Norte, ENIO VERRI, o Maximus Comandante das tropas galhardas do PT nos anima a dizer:
    – Vais preso Lula, marido de Marisa e pai de Lulinha, pois roubou.
    Simples assim.

  3. João Pesado

    Ênio, não seja injusto, uma força tarefa que recupera bilhões de reais para os cofres públicos pode usar uma sala de hotel para fazer apresentação à imprensa sem nenhum problema.
    E a pergunta que não quer calar: se não é o Lula o chefe, diga quem é livre a cara dele. Você, como alto dirigente, deve ter conhecimento.

  4. Mito

    Noves fora todo o mimimi do texto, não sobra nada mesmo…

    E só uma curiosidade: em vários trechos, o escrevente menciona o dinheiro público gasto no evento e até mesmo nos salários dos membros do MPF; ora, quem ele queria que pagasse isso?? A Odebrecht? A OAS? A Petrobras? O Bumlai? O Youssef?

    Constituição Federal cassada?!?!?!? Ora, ora , ora, bufão de trash movie!

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