12:04PENSANDO BEM…

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ROGÉRIO DISTÉFANO

Trinta e nove minutos do primeiro tempo, jogo entre São Paulo e Corinthians pelo campeonato paulista. Jô, atacante do Corinthians, avança em direção ao gol, junto a ele Rodrigo Caio, zagueiro e capitão do São Paulo. Renan Ribeiro, goleiro do time paulista, pula em defesa e recebe um pisão de chuteira na mão. O árbitro, nesses erros comuns de arbitragem, aplica a penalidade do cartão amarelo a Jô, suposto autor da falta. Isso implicaria vantagem imediata ao São Paulo e desvantagem ao Corinthians em jogo futuro, pois implicaria suspensão de Jô. O zagueiro Rodrigo Caio comunica de imediato ao árbitro que fora ele, não Jô, quem pisara no companheiro.

A penalidade foi anulada e Rodrigo Caio tem sido cantado em prosa e verso como exemplo de honestidade, fair play e ética. Mas não se transformou em unanimidade. A torcida não gostou, considerando a rivalidade com o Corinthians; ao torcedor, entende-se, interessa a vitória. Até mesmo no clube, no qual a diretoria diz ter apoiado o gesto do zagueiro, Maicon, seu companheiro de zaga, criticou o comportamento, estilo Lei de Gerson, a de levar vantagem sempre, mesmo com desonestidade: “entre minha mãe chorando e a mãe do adversário chorando, prefiro o choro da mãe do outro”. Considerou ainda que muitas vezes erros de arbitragem passam batidos, com benefício manifesto e indevido aos adversários.

Rodrigo Caio vem refugando, desde a saída do campo, pedidos de entrevista e ofertas de homenagens pelo seu gesto – tanto mais nobre se consideramos que joga na defesa. Diz que fez o que tinha que fazer, que faria de novo. E basta. O episódio é um retrato de nossa atualidade política – reflexo e contrarreflexo da sociedade brasileira – que se divide hoje quanto à punição da corrupção e o apagar os crimes via anistia, como se isso purgasse pecados e pecadores e restabelecesse nos costumes a pristina e aceitável pureza do pecado original. Estamos mais atentos a Michel Temer e Lula (por todos do naipe), que negam a insuportável clareza dos fatos, que com a simplicidade da ética, linear e sem adereços de um Rodrigo Caio.

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Uma ideia sobre “PENSANDO BEM…

  1. Benjamin Button

    kkkk depois falam mal dos políticos, os xingam e todo o resto. Agora que alguém age “fora da caixa”, crucificam o cara por isto. Como é que queremos mudar este País? Com fair play vê-se que não é. Este Maicon é daqueles caras que se olha no espelho e cospe nele.

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