Rogério Distéfano
“Pessoas queridas do meu partido!” – assim começa a carta assinada pela senadora Gleisi Hoffmann lançando sua candidatura à presidência do PT. O Paraná tem senadores interessantes: Álvaro Dias, o camaleão partidário, Dorian Gray pé-vermelho, Roberto Requião, que já virou sinédoque, pois o simples nome evoca as qualidades dos que (cegamente) gostam dele e dos que (lucidamente) desgostam. E tem Gleisi Hoffmann, mais personagem que pessoa, que dá a impressão de faltar algo para completar o conteúdo.
Gleisi não é melhor nem pior que os outros senadores. Porque desde a morte de Accioly Filho, o Paraná não elege senadores memoráveis. Não é problema exclusivo do Paraná, é do Brasil, vide as casas de tavolagem e tolerância em que as casas do Congresso – Senado incluso – se transformaram. Acompanho todos, Gleisi com mais atenção, e até agora só atingi uma conclusão: Gleisi, como o personagem de Pirandello, está à procura de seu autor. Leiam a carta – o ZB publicou aqui – e confiram. Nossa senadora atira às cegas.
A carta. Esqueçamos o ponto de exclamação do começo e o plágio do bordão do programa Luís Carlos Martins – ‘alô, gente querida do meu coração’. Esqueçamos o babaovismo a Lula, lançado candidato para 2018 (novidade!), e o eterno lamentar do golpe contra Dilma, a chatice da primeira presidente eleita, mulher valente, etc. E daí se foi a primeira mulher presidente? Tínhamos que aceitar suas besteiras? Quanto ao valente, a senadora confunde grosseria com valentia. Entende-se. Seus gritos no Senado seriam carícias verbais.
A carta, ressalvo, está muito bem escrita. Naquilo que ficou sob a responsabilidade do assessor que a digitou – ou datilografou, pois a ausência dos solecismos do petismo juvenil remete a alguém da velha escola pública. Até o momento em que Gleisi mete a colher, como no babar em Lula e no lamber as feridas de Dilma. O bedelho aparece no ‘pessoas’. No começo pensei que a carta era dirigida a pessoas físicas e pessoas jurídicas, como as empreiteiras do caixa dois. Ao ler o texto percebi que não, era o politicamente correto, versão gleisista.
Quem são as pessoas. Primeiro, são as físicas, filiadas ao PT. Segundo, qual o sexo, ou os sexos das pessoas? Feminino, masculino, bastam? Gleisi deve ter pensado em transexuais e transgêneros. Não vejo outra explicação. A senadora não quer perder votos e saca a estupidez do gênero. Afinal, é adepta da presidenta. Se cães e gatos fossem filiados ao PT, a senadora pediria votos aos queridos petocaninos e aos queridos petofelinos – aliás, quanto aos gatos nem precisa pedir, eles subiram ao telhado da Lava Jato.
Grande texto, Distefano.
Para dizer o que fala , Barbie das Araucárias ( elas devem ter ficado ofendidas) é pequena tambem na estatura moral.
Vai engrossar as estatísticas petistas, logo logo, ao inaugurar a ala feminina do partido, no presídio do Pr .