9:04Pensando bem…

Rogério Distéfano

Na foto protocolar do G20 estavam lá, na semana, alinhados os chefes de Estado. Na primeira fila, canto esquerdo, quase na esquina, o brasileiro Michel Temer. Terceiro da esquerda para a direita, o russo Vladimir Putin. Entre os dois, o segundo, Recep Erdogan, da Turquia. E daí, qual a novidade? Protocolo é para isso. 

A novidade está no gesto do turco Erdogan, de mãos dadas com o turco Temer – sim, Temer é de origem libanesa, só chamado de turco porque o Brasil preserva a causa da vinda dos libaneses, a opressão do império otomano, pelo que os imigrantes sírios e libaneses são aqui chamados de turcos. Para o bem e para o mal, mais para o mal que para o bem. 

Aquele achego de mãos me constrangeu. E pela expressão do próprio, constrangeu também Michel Temer, mais afeito ao achego de Marcela, bela e mulher, recatada e do lar. E Erdogan, por que pegou Temer pela mão e não fez o mesmo com Putin, a seu lado na fila? Devia fazer o mesmo com o russo. É que russo beija os amigos na boca, turco não beija. 

Voltamos a Temer: qual a de Erdogan? Achou o batrício desenturmado, fora da zona de desconforto e resolveu dar-lhe a mão, gesto de apoio, literalmente? Sei não, sou pela leitura brasileira, voltada mais à malícia que à generosidade. Temer chegou lá no embalo da Lava Jato, no rastro do jato da Friboi. Erdogan sabe disso, tem um dos melhores serviços de espionagem do mundo.

Ele, Erdogan, pensou, lá com seus botões, ‘na dúvida, melhor me garantir com uma algema improvisada’. Turco não brinca em serviço desde os tempos do império otomano. Quando capturaram T. E. Lawrence – o Lawrence da Arábia -, que combatia os turcos ao lado dos árabes, sabem qual a tortura que usaram? Sodomizaram o cara.

Ledo e otomano engano. Nosso presidente é honesto até prova em contrário – robusta e insofismável, diria ele próprio, ainda que seja uma ‘prova diabólica’: se não há como provar que o diabo existe, então ele existe. Sabe-se lá até onde vão suspeitas de ditadores como Erdogan. Numa dessas achou melhor manter a mão de Temer em sua mão que ter que tirá-la de seu bolso.

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