por Carlos Brickmann
Para extrair o melhor humor desta história real, é bom relembrar a figura de seus personagens. O primeiro, Fernando Henrique Cardoso, ele mesmo! – o presidente da República que contratou a chef de cuisine Roberta Sudbrack para incrementar as refeições em palácio. O segundo, mau humor permanente, é o senador José Aníbal. Floriano Pesaro, secretário de Doria; e o poeta e cientista político Fernando Fefo Guimarães. Todos tucanos; e Guimarães, além disso, criador da ala tucana Esquerda pra valer. Pois é.
Um encontro tucano, claro. E, claro, num bom restaurante de carnes importadas, harmonizadas com os vinhos caros da moda. Assunto maior, fora o cardápio: a necessidade de uma guinada do PSDB à esquerda. Nada mais justo, recordando-se a origem política muroesquerdizante dos tucanos.
A folhas tantas, após sabe-se lá quantas harmonizações bem sucedidas no cardápio, liberaram-se os espíritos, e o grupo começou a cantar o hino clássico do comunismo, A Internacional. Pense, caro leitor: Fernando Henrique e José Aníbal soltando a voz, “De pé, famélicos da Terra/ De pé, oh vítimas da fome/(…) Messias, Deus, Chefes Supremos/ Nada esperemos de nenhum/ Sejamos nós que conquistemos/ A Terra-Mãe livre e comum”.
A radical tentativa de buscar a esquerda pra valer ocorreu na última sexta, em Brasília. Ainda bem que o tempo voa: pense em ACM, sempre ao lado de Fernando Henrique, cantando com ele no Orfeão Vermelho.
Mas os tucanos sempre foram um partido de esquerda, mas uma esquerda com um jeito sofisticado e não esta medíocre do tipo pestista, vulgar e rasteira. A esquerda tucana tem um ar europeu, dos tipos inglês, francês e alemão, consegue até ter um ceto charme, mas não engana mais ninguém.