6:59País perde com 2º turno sem debate entre candidatos nem discussão profunda de propostas

por Leandro Colon

Instituído pela Constituição de 1988, o sistema de votação em dois turnos faz com que o vencedor assuma o poder legitimado por mais de 50% dos votos válidos.

Assim fosse lá atrás, teríamos em 1955 um segundo turno entre Juscelino Kubitschek e Juarez Távora.

Na ocasião, JK foi eleito com 35,68% dos válidos, cinco pontos a mais que o segundo colocado e dez à frente do terceiro lugar, Adhemar de Barros.

Cinco anos depois, Jânio Quadros chegou à Presidência com 48%, uma vitória de 16 pontos sobre o marechal Lott, o candidato do governo JK.

E se houvesse segundo turno naquele período? JK poderia ter sido derrotado e Brasília nem existido (para alegria de muitos). O Rio seria a capital até hoje. Talvez o país não tivesse vivido a tempestade dos sete meses de Jânio e quem sabe os anos seguintes, que levaram à derrubada de João Goulart e ao golpe militar de 1964, teriam sido diferentes.

Em meados dos anos 90, setores do Congresso flertaram com a revogação do modelo então recém-criado.

Passados 30 anos da Constituição, parece não haver dúvidas de que o sistema é justo. Não só porque evita a eleição de um presidente sem a maioria. A regra permite ao eleitor comparar dois projetos de poder e mergulhar com profundidade em questões tantas vezes desprezadas em uma disputa muito pulverizada.

O segundo turno oferece a oportunidade de debate entre os finalistas —seja para analisar melhor o que pensam, seja para verificar o comportamento diante de um adversário.

As eleições de 2018 caminham para um desfecho com pouca discussão sobre propostas e chances enormes de não haver encontro entre JairBolsonaro (PSL) e Fernando Haddad (PT). Perde o país, perde o eleitor.

O segundo turno já está arranhado pela neutralidade de partidos do porte de MDB, PSDB e DEM, como se não fossem responsáveis pelo Brasil recente. Só não foram piores que o PDT, que inventou um “apoio crítico” a Haddad, tendo seu candidato e terceiro colocado, Ciro Gomes, rumado para a Europa logo depois.

*Publicado na Folha de S.Paulo

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4 ideias sobre “País perde com 2º turno sem debate entre candidatos nem discussão profunda de propostas

  1. Frik

    Debates são para situações típicas, a de agora tem certas particularidades: por exemplo, o atentado de Juiz de Fora, sua autoria e consequências; a candidatura artificial do petista, que é percebido como preposto, pau-mandado, ou capacho, como disse o Ciro https://youtu.be/bVQOIwkENIw

    A tal da frente auto-denominada SIC democrática seria a Frente Lúcifer: LUla – CIro – FERnando …

  2. juarez

    Debater prá que?! Já sabemos que as propostas do Bolsa são infinitamente melhores que aquelas da PTzada?! Esta eleição já era!!

  3. Biito

    Jornalista Leandro Colon não consegue ele mesmo produzir pautas decentes.
    Reclamar da falta de debate que ele mesmo não contribui é lamentável.

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