O resultado da pesquisa publicada hoje no jornal Gazeta do Povo dispara o sinal de alerta para um incêndio que qualquer pessoa de bom senso não quer ver, mesmo porque todos vão se queimar nas labaredas. Também reflete o sentimento que toma conta não só dos paranaenses, mas do país inteiro com a bagunça e o descalabro que se instalaram nesta terra abençoada por Deus e bonita por natureza. Os desmandos, a insensatez e a truculência dos que foram eleitos para trabalhar pelos interesses de quem deu o aval para isso, alimentam não só quem está de saco cheio com tudo isso, mas também os eternos aproveitadores da situação do quanto pior, melhor, sejam eles de que lado for. Aprovar atos de violência como o da invasão da Assembleia Legislativa, mesmo que isso tenha resultado no recuo do governo com a retirada do pacotaço, é jogar gasolina na fogueira. Alguns vão defender o ato, onde a maioria dos protagonistas era composta pelos aloprados de sempre, a serviço de uma “causa” que todos conhecem e é bandeira de sindicalistas alinhados a um lado da moeda. Sim, o resultado foi que o governo ficou nu e marcado, não pela insensatez da maneira como encaminhou as medidas, como fez com o primeiro pacote, o de dezembro, aprovado com o aval da maioria dos deputados, aqueles que sempre ajoelham e rezam a missa encomendada, mas pela revelação da verdadeira situação econômica do Estado, maquiada com clara intenção de se conquistar a reeleição, como aconteceu. Mas, pergunta-se: não bastaria uma manifestação como a da semana passada, com milhares de insatisfeitos nas ruas da cidade, cercando os palácios, para que os excelentíssimos não começassem a pensar além dos seus umbigos e interesses e sentissem que o buraco era mais embaixo? Se hoje a greve for declarada ilegal pela Justiça, é sensato invadir o prédio do Tribunal de Justiça? Se o governo descontar os dias em que os professores cruzaram os braços, a saída é invadir o Palácio Iguaçu e quebrar tudo? Desde o fim da ditadura militar o Brasil engatinha na democracia e o aprendizado lento é sofrido. Limpar a corja que se aboleta no poder com o espírito de Justo Veríssimo, aquele personagem de Chico Anísio que se elegeu para arrumar, andando para que o povo se explodisse, vai demorar. É preciso ter paciência, cobrar e pressionar. As eleições estão aí para isso, apesar de haver uma política clara de se manter a ninguenzada na ignorância para a manipulação de sempre (olhaí um dos papéis fundamentais dos professores – o da educação pelo conhecimento, para se fortalecer o espírito crítico e do discernimento, não pela babaquice do viés ideológico partidário, aquele da viseira que só enxerga de uma maneira, a da minha turma, mesmo que este faça as mesmas barbaridades, como acontece).
Muito bom. Mas, é assim mesmo, o povo, os servidores, tomaram uma indigestão do governo dissimulado e personalista, e aí, desacreditado quem deveria dar exemplos edificantes, surgem mil demõnios para perturbar a situação. Qual a liderança política com autoridade para conduzir o rumo à bom termo? No Paraná de hoje, onde o compadrio entre os poderes públicos é vergonhoso, só Deus sabe!