por Célio Heitor Guimarães
Esse atrapalhado Michel Temer, que Dilma Rousseff nos deixou como herança, é tão incompetente e tão mal assessorado que ainda não se deu conta de que, ao decretar a intervenção federal na segurança do Rio de Janeiro, tirou o mico que estava na mão do governador Pezão e o levou para o Palácio do Planalto.
Segurança pública não é problema do Exército, da Marinha ou da Aeronáutica. Militar não sabe combater bandido. Militar é treinado (espero que seja) para dar segurança à Nação, no caso de um ataque externo, vigiar nossas fronteiras e garantir os poderes constitucionais. Soldado não foi feito para escalar favelas e enfrentar traficantes de drogas e de armas. Muito menos para patrulhar rodovias à cata de assaltantes de cargas. Os jovens fardados não sabem o que fazer nem como fazer. Não sabem, sequer, diferenciar marginal de trabalhador. Vão levar de goleada da bandidagem. De mosquetão em punho e um tanque de guerra na retaguarda, serão facilmente abatidos por uma pelota de barro disparada pelo estilingue de um moleque do morro.
Não por acaso o general Braga Netto, escalado com comandante-em-chefe da operação, mantem-se em silêncio. Não pediu a missão e agora não sabe o que fazer para livrar-se dela.
Aí, vêm os infelizes ministros da Defesa e da Justiça, com patentes inferiores a de um cabo, com um tal de “mandado coletivo de busca e apreensão”. Que diabo é isso?! Explicou o soldado raso Raul Jungmann: “Muitas vezes, você sai com a busca e apreensão numa casa, numa comunidade, mas o bandido se desloca. Então, você precisa ter algo para uma melhor eficácia do trabalho a ser desenvolvido”.
Quer dizer, aonde o bandido for, iremos atrás. E a patrulha militar poderá avançar à vontade: no casario, na rua toda, no bairro inteiro… Por que não na cidade e, talvez, no país todo? Já vimos esse filme alguns anos atrás. Prendia-se a torto e a direito, desaparecia-se com as pessoas num piscar de olhos e nenhuma explicação precisava ser dada a ninguém. A última exibição dessa película durou 21 anos e foi uma dureza acabar com ela. A convivência do ministro Jungmann com a soldadesca parece estar lhe fazendo mal. Acautele-se, excelência!
E quer dizer também que a ação já começou com uma medida excepcional, não prevista na lei…
O ministro Moreira Franco, da Secretaria-Geral do governo de Brasília e um dos idealizadores do plano de intervenção do Rio, contudo, garante que “aqui não tem amador”.
“Amador” pode até não ter, excelência. Mas idiota, desastrado, palerma, tanso, tantã, obtuso ou mentecapto – podem escolher o termo que preferirem – certamente terá, a granel. O que se está tentando esconder é a inépcia, a incompetência, a incapacidade e a fragilidade (pode-se, também, escolher o termo) de um governo. Isto é, de um não; de dois: o estadual, do Rio de Janeiro, e o federal, de Michel Temer, que, assustados, não sabem para onde ir nem o que fazer.
Não há em nenhum Estado nem na administração federal uma política de segurança pública, um plano real pronto e acabado (talvez nem começado) contra a violência crescente, que ameaça expandir-se do Rio de Janeiro para o resto do país. Já falamos disso aqui.
O objetivo de Luiz Fernando Pezão é livrar-se do abacaxi, empurrar o problema até o final do ano, quando deixa o Palácio Guanabara. Michel Temer, às vezes de uma ingenuidade de dar dó, espera faturar politicamente a colocação das tropas nas ruas, vielas, morros e rodovias da Cidade Maravilhosa. E as Forças Armadas estão sendo usadas para isso.
O combate ao banditismo é tarefa da polícia. Civil, militar, metropolitana ou seja lá qual for, desde que habilitada e bem equipada. Antes disso, porém – e os exemplos estão aí para provar –, essas policias precisam ser higienizadas e valorizadas.
Nova York já foi uma das metrópoles mais perigosas do mundo. E como resolveu o problema da delinquência? Sem fórmulas mágicas, tampouco convocando os Fuzileiros Navais para patrulhar Manhattan. O primeiro passo – conduzido pelo prefeito Rudolph Giuliani e mantido pelo seu sucessor, Michael Bloomberg – foi o saneamento e o controle rígido da polícia, evitando ao máximo a corrupção. Depois, a melhoria real da estrutura e do preparo do policial, incluindo a remuneração. E, por fim, a chamada “tolerância zero” com a criminalidade. Houve excessos? Sim, mas esse passou a ser um problema menor, que acabou logo resolvido.
Há que ter, porém, firmeza e sinceridade de propósitos das autoridades públicas – algo impossível hoje no Brasil.
O autor acha que o exército é composto de soldados que vão para guerra trocar tiros. Zé Beto, esse é um hospício mesmo.
Como melhorara segurança quando policias civis e militares avisam donos de bingos e cassinos a hora que vai ter uma operação,como pode deixar proliferar maquinas caça niqueis até em farmácias,o jogo do bicho corre solto a milênios e a casa do traficante nos condomínios fechados são frequentadas em festas regadas a vinhos caros por magistrados em geral.
Como vamos melhorar a segurança do Brasil quando um supremo morre de medo de uma dupla de empresários escroques e rapidamente são removidos da cadeia pela ameaça.
Ninguem dessa turma quer mudar o Brasil,esta muito bom para eles,os esquemas continuam,nas aduanas passam os carros e caminhões marcados,os helicópteros e pequenos aviões voam como pássaros carregados de drogas e muambas e nós aqui pagadores de impostos adotamos um bandido de estimação ,mesmo que um dia ele nos tire a vida ou roube o pouco que temos.
Sempre achei que uma intervenção desse tipo (Forças Armadas correndo atrás de bandidos no morro) daria caca, quando o primeiro militar fosse morto. Já aconteceu com um sargento do Exército, mesmo que a morte tenha ocorrido numa tentativa de assalto, coisa corriqueira no Rio de Janeiro. Resta saber agora qual será a “resposta” dos fardados…